quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Evernote - meu novo BFF

Comprei um celular com Android há algumas semanas e só havia instalado os aplicativos "básicos": Whatsapp, EasyTaxi, Facebook. E aí, procurando algo para salvar notas, descobri o Evernote.

Não sei como vivi tanto tempo sem ele. Quer dizer, eu sei: anotando coisas em arquivos .txt, colecionando papeizinhos de rascunho e criando listas sem-fim de favoritos no Chrome.

Mas agora tudo está centralizado e organizado lá, no Evernote. Ele não é uma agenda ou um controle de tarefas. Para mim, ele é perfeito porque permite listar insights que aparecem quando estou lendo um artigo ou um livro, salvar páginas e arquivos com comentários e tags, além de estar sempre disponível, onde quer que haja internet. Ele é um del.ici.ous muito melhorado.

Tenho atualmente os cadernos de "ideias de pesquisa", "administração", "anpad", "feminismo" e outros. Sinto o alívio de não perder uma dica, um texto interessante, um vídeo inspirador só porque estou sem notebook ou o papel rasgou.


"Ensinar na Universidade" - Markus Brauer

Meu projeto de mestrado divide-se em 3 subprojetos, ou etapas, se preferir: "Pagar o mestrado", "Entrar no mestrado", "Fazer o mestrado". E como não sou adepta da rigorosa linearidade, minhas atividades ficam alternando entre um subprojeto e outro.

Atualmente, minha atividade principal é "Obter nota alta no ANPAD" (subprojeto "Entrar no mestrado"), mas visitando a Bienal de Livros, aqui em Alagoas, foi impossível resistir ao título "Ensinar na Universidade - conselhos práticos, dicas, métodos pedagógicos", de Markus Brauer (ensinar é uma atividade que pretendo fazer durante e após o mestrado, pelo menos por algum tempo).

O livro, como anuncia o título, é absolutamente ligado ao dia-a-dia do professor universitário: fala de elaboração de provas, redação de ementas, organização de tempo, planejamento de aulas, como manter o silêncio em sala de aula, como ter seminários produtivos, etc.

Como o autor é francês, ele fala de uma realidade um pouco diferente da nossa, especialmente quando aborda o tempo disponível para estudos extra-classe. No Brasil, boa parte dos universitários trabalha, e isto obviamente impacta no aproveitamento do curso.

Feita a ressalva, acho relevante uma obra como esta porque tenho a impressão de que muitos professores universitários são recém-saídos de cursos de mestrado e doutorado, e vão para a sala de aula sem terem estudado pedagogia, funcionamento da memória, técnicas de aprendizagem, etc. Ensinar é uma habilidade como qualquer outra: precisa ser aprendida, praticada. O fato de ter um diploma na mão não faz de ninguém um bom professor. Estudar sobre o assunto economiza esforço: para que reinventar a roda?

Citações:
"A maioria dos professores-pesquisadores têm clara consciência de seus próprios limites de atenção (lembre do último congresso a que você foi), mas superestima amplamente a capacidade de atenção de seus alunos"
"Você preparará melhor seus alunos para a vida profissional se eles adquirirem o hábito de aprender a partir de textos escritos."
"Alguns professores dão a seus estudantes uma lista de cinco livros e de 30 artigos científicos, dizendo que se trata da leitura obrigatória para o semestre. Uma atitude dessas diz mais sobre a insegurança do professor do que sobre suas competências pedagógicas. A carga de trabalho para os estudantes tem de ser realista"

"Lean in" - Sheryl Sandberg

É uma pena que o título em português tenha ficado fraco: "Faça Acontecer". E ainda tem um adesivo com a mensagem "A mais alta executiva do Facebook vai revolucionar sua vida". Acabou transformado uma obra bem-fundamentada e muito esclarecedora em "mais um livro de auto-ajuda".

E, como a própria Sheryl fala no texto, o livro não é um manual de auto-ajuda, não é um manifesto, nem uma biografia. Eu definiria como um manual de questões: em cada capítulo ela aborda um dilema, um conflito, uma dica, um comportamento. 

O capítulo 1, "O abismo nas ambições de liderança: O que você faria se não tivesse medo" me fez lembrar imediatamente da minha mãe. Dentre os muitos conselhos que me deu, o mais marcante foi: "Não tenha medo". Ela já sabia, intuitivamente, que o medo nos impede de explorar ao máximo nosso potencial. A discussão proposta no livro traz o que se espera do comportamento feminino (modéstia, "ser quieta") e o que é indesejado (ambição, "ser mandona") e da mensagem (tão popular no cinema e nos comerciais) de que é muito domens, simpatia é difícil para uma mulher ter sucesso profissional e uma vida pessoal completa (para o homem, o pressuposto é o contrário).

Já o capítulo 2 ("Um lugar à mesa") começa analisando um comportamento feminino pouco notado: já observou como uma mulher normalmente se senta à mesa de reuniões? Tronco apoiado no encosto da cadeira, pernas juntas, mãos sobre o colo. Como se estivesse numa mesa de refeições. E os homens? Apoiam braços e cotovelos na mesa, se inclinam sobre ela, expandem "seu espaço". Quem tem mais chances de ser ouvido(a)?

E assim, segue o livro. Analisa a importância da simpatia no ambiente de trabalho, especialmente para as mulheres (como diria Herzberg, nos homens a simpatia é um fator motivador, nas mulheres, é um fator higiênico), fala de mentoria, estimula a perseguir seus objetivos sem se preocupar antecipadamente em como conciliar a carreira com a maternidade, e mostra como é imprescindível que seu companheiro (se tiver um) seja companheiro de verdade.

Senti vontade de comprar dúzias deste livro e presentear todas as minhas amigas (e amigos também!). Como o orçamento é finito e limitado, vou emprestá-lo o máximo que puder. Quanto mais mulheres e homens "fizerem acontecer", melhor o mundo será.