quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Livros de metodologia científica


A pilha de livros acima é minha.

Explico: quando comecei a pensar sobre entrar no meio acadêmico decidi que precisava entender o que era ciência, sua importância, como fazer pesquisa, etc. Ou seja, fiquei com a ideia fixa de que tinha que começar estudando metodologia científica.

Assim, fui comprando um livro e outro, aproveitando algo desse e daquele e hoje fiquei surpresa ao reparar que juntei quase uma dúzia de publicações sobre o assunto. Tenho certeza de que este conjunto ainda vai crescer.

Para quem se interessa pelo assunto, seguem alguns breves comentários sobre o que já tenho na minha estante (em ordem de aquisição). Já adianto que só li um deles por inteiro e outros ainda nem usei:

  • Metodologia do Trabalho Científico (Antônio Joaquim Severino): foi através dele que conheci a tríade da Universidade - ensino, pesquisa e extensão. Tem uma seção interessante e útil sobre formatação de trabalhos nas normas ABNT;
  • Ferramentas para o pesquisador iniciante (Jocelyn Létourneau): é um guia de saberes práticos, mas acho que o mérito maior está em abordar aquilo que é incomum em outras obras - indica como analisar um mapa antigo, e como utilizar um documento autobiográfico, por exemplo. O capítulo que li, sobre elaboração de resenhas, foi bastante explicativo - deixou a impressão de que vai ser fácil utilizá-lo;
  • Metodologia Científica (Lino Rampazzo): pequeno e fino, achei que seria uma boa introdução ao assunto. No entanto, o texto conciso acabou me deixando com mais perguntas do que respostas;
  • Métodos de Pesquisa em Administração (Donald R. Cooper e Pamela S. Schindler): falei dele no blog quando o comprei. No entanto, mal o utilizei: ainda não estou madura o suficiente para o conteúdo que ele apresenta. Li apenas o capítulo que fala de elaboração de constructos na pesquisa. Pressinto que serei mais amiga dele nos próximos meses;
  • Como Elaborar Projetos de Pesquisa (Antonio Carlos Gil): para mim, a parte mais interessante foi a seção em que ele explica as diferenças entre um problema científico, de engenharia e de valor. Também traz boas referências acerca de diversos métodos de pesquisa;
  • Métodos de Pesquisa em Administração (Sylvia Constant Vergara): esta autora é presença constante nos trabalhos de Administração. Comprei por indicação de Fabiana e não me arrependi - nesta obra ela dá as etapas de vários métodos de pesquisa, inclusive sobre alguns bem recentes, como netnografia (ou etnografia digital);
  • Projeto de Pesquisa (John W. Creswell): este é um dos livros-texto da disciplina de Metodologia Científica do mestrado da UFPE. É o meu "queridinho". Gosto da forma como o autor consegue deixar a leitura fluida e explicar conceitos de forma clara. Enquanto escritores brasileiros salpicam "epistemologia" por todo o texto sem dar definições precisas, ele opta por utilizar o termo "concepção", ou seja, "um conjunto de crenças básicas que guiam a ação". Ele é defensor da escrita simples (em vez da prolixidade que impera no meio acadêmico), oferece conselhos práticos sobre a escolha do problema de pesquisa e se inspira em escritores literários para dar dicas de como escrever artigos. Fortemente recomendado;
  • A Arte de Pesquisar (Miriam Goldenberg): o texto parece um longo diálogo com a autora. Ela fala da história da pesquisa em Ciências Sociais, apresentando a Escola de Chicago e as divergências com as Ciências Naturais, aborda as dificuldades da pesquisa qualitativa e dá algumas orientações aos que estão começando na ciência. É uma leitura densa, mas não chega a ser cansativa (foi este que li por inteiro);
  • Pesquisa Qualitativa em Administração (Adriana Roseli Wünsch Takahashi, org.): é uma coletânea de artigos que abrangem desde a história da pesquisa qualitativa até questões de ética do pesquisador, passando por diversos métodos de pesquisa. Até agora explorei a parte I, que fala do surgimento das ciências sociais e os fundamentos da pesquisa qualitativa e o capítulo sobre Etnografia (coincidência: aqui há uma entrevista com um professor do PROPAD, Sérgio Benício). Como é uma coletânea, há capítulos bastante acessíveis para os iniciantes (like me!) e outros ainda obscuros;
  • Metodologia da Investigação Científica para Ciências Sociais Aplicadas (Gilberto de Andrade Martins e Carlos Renato Théophilo): para este se aplica o que falei sobre a obra de Cooper e Schinder - ainda está além do meu conhecimento. No entanto, aparenta trazer boas referências de estatística e formatação de trabalhos científicos.


Por enquanto, é só. À medida em que for explorando mais, atualizo os comentários =)




Retrospectiva (parte I): a escolha da instituição

Bom...passadas as comemorações de aniversário e aprovação, vou aproveitar os dias de férias antes do Natal/Ano-Novo para fazer uma recapitulação de 2014. E ele pode ser resumido em três palavras: "seleção de mestrado".

O ano inteiro girou em torno da seleção: as viagens que fiz foram para apresentar artigos, os gastos foram cortados para montar a reserva financeira, não comprei um único livro de literatura. Mas de metodologia científica, já tenho cinco.

É hora de fazer um resumo de como foi a caminhada.

É claro que esta minha jornada é mais complexa do que aquela vivenciada pela maioria dos mestrandos país afora. Vejo que a maioria dos meus futuros colegas são concluintes da graduação em Administração, ou recém-formados. Estagiavam ou participavam de projetos de iniciação científica. Estão abaixo dos 25 anos. As coisas são mais simples.

Então escrevo para relembrar - e talvez para inspirar quem não se enquadra no perfil típico do mestrando (mas tem paixão pela academia).  

Para mim, tudo começou com a escolha da instituição. Eu já sabia que queria o mestrado em Administração (mais detalhes), então comecei a buscar os programas disponíveis no Nordeste. Infelizmente, me afastar muito de casa não era uma opção: o que é suficiente para sobreviver em Recife não me sustenta em São Paulo. Muito menos em Porto Alegre.

As opções mais próximas eram UFAL, UFPE, UFES e UFPB. Na UFAL não há programas em Administração - foi aberto um este ano, na área de Gestão Pública. O programa da UFES está iniciando, "apadrinhado" pela UFPE. Fui ao site da UFPB, e não me identifiquei com nenhuma das linhas que lá estavam (há algumas semanas descobri que eles têm grupos que me interessam - o site está desatualizado). Então, fiquei com a UFPE.

Ajudou o fato de dois professores meus da época da graduação terem concluído o doutorado lá: pude conhecer mais das linhas de pesquisa e das pessoas antes mesmo de colocar os pés na Universidade, numa conversa em março/2013.

Quando você for escolher a instituição é importante analisar uma série de fatores: linhas de pesquisa, orientadores, a quantidade de vagas/bolsas, estrutura física, possibilidades de intercâmbio, conceito CAPES, localização, conhecer pessoas que estão (ou passaram por) lá. Escolha com cuidado: é nela que você vai passar anos da sua vida. Além de ficar no seu currículo.

Pensa em se candidatar para 2 ou mais instituições? Eu te desejo boa sorte! Entendo que concorrer a processos seletivos diferentes implica adaptar projetos de pesquisa, conhecer mais professores, estudar para provas diversas, etc. Em resumo, exige ainda mais tempo e dedicação. Se você tem ambos, vá em frente!

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Atualizando a descrição do blog

Onde se lê: "O dia-a-dia de uma aspirante ao mestrado em Administração".
Leia-se: "O dia-a-dia de uma mestranda em Administração"

Como eu me sinto fazendo isso:



Passei no mestrado!!!

E o dia 10/12/2014 trouxe meu presente de aniversário atrasado (fiquei mais velha no dia 06): a aprovação! Sou oficialmente mestranda da UFPE, aluna do PROPAD :D



A ficha ainda não caiu completamente. Estou feliz, animada, satisfeita...mas acho que só vou compreender realmente que o projeto foi concluído com sucesso quando estiver providenciando minha licença do trabalho, e organizando a mudança para Recife.

Estou trabalhando neste projeto há pouco mais de 1 ano, mas ser mestra é algo que está na lista de desejos há tanto tempo que nem sei quando isto começou. 2008, talvez...

Aprendi uma palavra nova em alemão: "Wanderschaft", ou jornada pessoal. Para mim o mestrado é mais do que um degrau na vida acadêmica. É uma oportunidade de seguir um rumo diferente, de abrir espaço para novas experiências. É experimentar a vida sem restrições (exceto as financeiras, claro). É a minha Wanderschaft.

Às vezes enxergo incredulidade nos olhos de algumas pessoas ao meu redor. Enquanto me dão os parabéns está subententedido o "não acredito que no que ela está fazendo". E depois vem o "você vai mesmo?".

É engraçado dizer isso, mas entrar no mestrado foi um dos meus maiores atos de rebeldia até hoje. Sim! A rebeldia pode ir além de tatuagem, piercing, cabelo laranja (que são super bacanas também). Também é rebelde aquele que dá as costas a um rumo pré-definido, e recomeça numa direção diferente. Aquele que tem a ousadia de experimentar uma vida baseada nas próprias escolhas. Que se permite esculpir o dia-a-quer como quer, em vez de permanecer fazendo limonada com os limões que aparecem. Só não é fácil.

Não me lembro exatamente do momento em que decidi que era hora de partir para o mestrado. Acho que foi no pós-Carnaval de 2013 - depois de ir para o Galo da Madrugada em Recife e partir pro Rio desfilar numa escola de samba. Deve ter sido algo assim: voltei animada, pensei o que poderia fazer em seguida, e aí o mestrado surgiu como uma ideia natural.

Anos antes eu já tinha feito muitas buscas: na época em que terminei a faculdade (2007/2008) lembro de explorar vários cursos, ter sonhado com a UFLA (mas o curso era caro), com a USP (era distante) e com a UFPE.

Daí lembro que em março fui no IFAL conversar com uma professora que é minha mentora desde os tempos do curso técnico: Mônica Ximenes. Falei do meu desejo, e da ideia de UFPE, em Administração. Como ela tinha terminado o doutorado lá, acabou me dando informações preciosas. Sugeriu que eu me inscrevesse já em setembro, mas eu tinha outra ideia: montar uma reserva financeira que me permitisse sobreviver sem depender de bolsa. É que para mim seria absolutamente frustrante investir tempo e esforço, para depois ter que desistir se não recebesse auxílio-financeiro.

Assim, montei o planejamento para 2014. O fato de ser um ano sem Rock in Rio, sem Codplay e sem U2 ajudou bastante a economizar...rs...

E é com este espírito de viver a vida que se deseja que vou me mudar e começar o curso. Sei que virão dias de crise, telefonemas desesperados e um pouco de "o que é que eu estou fazendo aqui?". Nestas horas quero ser capaz de olhar para dentro e recordar, como diz o Cidade Negra, de "tudo o que eu caminhei para chegar até aqui".

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Sobre a defesa

Sob sugestão da minha incrível roomate Mariana, a música-tema da defesa do pré-projeto no Propad é "Start me up", do Rolling Stones:





If you start me up (se você der a partida em mim)
If you start me up I'll never stop (se você der a partida em mim eu nunca vou parar)
If you start me up (se você der a partida em mim)
If you start me up I'll never stop (se você der a partida em mim eu nunca vou parar)
I've been running hot (Estou ficando quente)
You got me ticking gonna blow my top (Por sua causa faço barulhos - vou explodir)
If you start me up (se você der a partida em mim)
If you start me up I'll never stop (se você der a partida em mim eu nunca vou parar)


You make a grown man cry (Você faz um homem crescido chorar)
Spread out the oil, the gasoline (Espalhar o óleo, a gasolina)
I walk smooth, ride in a mean, mean machine (Eu ando suavemente, pilotando uma maquina má)
Start it up (Comece)

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

A importância das redes sociais

As últimas três semanas foram bem agitadas: fui a Recife entregar o pré-projeto, depois para Belo Horizonte (apresentar artigo no Enangrad) e de volta às terras pernambucanas para a defesa. Junte isto com 8h de expediente, um casamento e aniversários e o resultado será uma rotina bastante cansativa.

O processo seletivo está no fim. No próximo dia 03 sairá a pontuação da 3ª fase, depois há os recursos, e no dia 10/12 virá o resultado final. Agora não há mais intervenções minhas: tudo o que tenho que fazer é esperar (e torcer).

Olhando o processo em retrospectiva, vejo o quanto este é um projeto compartilhado. Acho que é impossível chegar lá sozinho. O apoio vai muito além de ter um orientador. É preciso aquele amigo que te tira dos livros um minuto antes de você saturar...aquele que te cobra os prazos de entrega...a mãe que te dá uma força quando você não consegue tempo para jogar as roupas na máquina de lavar...aqueles que são ombro e ouvidos quando você cansa ou quando as coisas não saem como se espera.

Claro que o esforço é individual, e sempre será: no final das contas, é tudo com você. Mas nenhum homem é uma ilha. Tampouco somos nós, aspirantes a mestrado/doutorado/afins...

sábado, 1 de novembro de 2014

Documentação para mestrado - reserve tempo!

Trabalho num banco, e é comum ouvirmos reclamações de clientes sobre "a burocracia", o "excesso de papéis", etc.

Da próxima vez em que eu ouvir isto, vou recomendar que eles tentem uma seleção de mestrado para entender o real sentido de "papelada".

Vou fazer um post detalhado sobre a montagem da documentação daqui a alguns dias, mas por enquanto fica um alerta: reserve um tempo razoável para cuidar disto. É pouco provável que você consiga resolver tudo num dia apenas.

No meu caso, precisei resgatar certificados que estavam na casa dos meus pais, copiar cds de anais de eventos e pedir declarações diversas: trabalho, organização de eventos, projeto de extensão. Nesta hora o tempo não é seu aliado: só hoje consegui concluir o dossiê.

E olha que não tive que pedir histórico da graduação, ou diploma (normalmente os mais demorados): já estavam comigo.

O currículo é um caso interessante: no mundo acadêmico ele tem capa. No início, discordei radicalmente. Mas agora, até que faz sentido (mais detalhes em breve).


Estude o que gosta: não é lenda, faz diferença!

Aqui estou eu.
Tenho que entregar documentação + pré-projeto em pouco mais de 48h.
Documentação está ok, ou "tão-ok-quanto-eu-consegui".
Já o pré-projeto ainda parece um bloco de argila: tenho muito trabalho pela frente até que ele vire um vaso bonito (ou aceitável).

Agora estou escrevendo a revisão bibliográfica sobre feminismo. É maravilhoso transformar os livros que tenho, os artigos que li e os sites que já visitei num trabalho acadêmico. É prazeroso compreender algumas questões mais a fundo, estabelecer conexões...

Acho que se fosse qualquer outro tema eu estaria em pânico ou impaciente a esta altura. Mas feminismo e tecnologia são dois assuntos que me encantam. Então, tudo flui mais fácil.

Isso não quer dizer que eu não vá ter problemas até lá. Mas gostar do tema "mitiga os riscos", como dizem os gerentes de projeto =)

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Os imprevistos

Li em algum lugar que a pesquisa em Gerenciamento de Projetos tem um viés positivista. No contexto, o autor queria dizer que a literatura da área parte do princípio de que se forem aplicados corretamente todos os princípios, os bons resultados são garantidos.

Quem lida com gerenciamento no dia-a-dia discorda completamente desta ideia.

Releio o post anterior e lembro disto.
Porque a nossa ilusão de controle não passa disso: uma ilusão.
O planejamento e a preparação têm valores claros. Mas não são garantia. Não são certeza.

Sempre há fatos que não conseguimos prever, mudanças até então inesperadas, dados que ignoramos anteriormente (e que agora se mostram relevantes). Sempre há assimetria de informação.

E aí nos resta fazer o melhor que podemos.
E deixar que as coisas sigam seu curso.

Ainda não dormi.
Mas já sei o que fazer.

Um dia ruim: linhas de pesquisa, assimetrias e afins

Hoje estava sendo um dia bastante produtivo.

Depois de vasculhar dúzias de artigos estrangeiros e nacionais nos últimos dias, finalmente havia conseguido encadear as ideias com um mínimo de coerência, sintetizando perspectivas, questões em aberto, desafios. E claro, minha paixão.

E aí envio o resultado deste brainstorming para a orientadora-de-todas-as-horas. O feedback é aquele que sempre recebo dela na primeira versão de um escrito: ainda não está acadêmico, falta incluir isso ou aquilo, e o clássico "não está claro!".

Mas, no final, veio a pergunta que me desmontou: isto está alinhado com a linha? Há professor para orientar?

Bem, teoricamente sim. Só que apenas um. Que, como qualquer um, tem toda a possibilidade de acordar no dia da seleção com pensamentos diferentes e não se interessar mais.

E depois ouço falar de outro professor, de outra linha, que teria grandes chances de orientar o tema. Olho o currículo dele novamente, já sob a ótica do trabalho que penso em desenvolver, e vejo as coisas se juntando. Mas não é possível mudar de linha, há apenas a remota chance de sobrar vagas e haver remanejamento.

(Detalhe que eu já havia passado por algumas horas de angústia em relação à divisão de professores dentro da mesma linha).

Então agora estou extremamente chateada por ter focado inicialmente em apenas uma linha de pesquisa, ligada à tecnologia. Fiz isso por causa da minha formação (que não é em Administração) e pela referência de outros professores que já passaram por ela. Poderia ter confiado mais em minha capacidade de enfrentar mais concorrência, e olhado para as outras.

Poderia ter até tentado em outras instituições.

Se eu tivesse achado o vestido antes...

A possibilidade de ver tudo o que fiz ser desperdiçado agora me assusta. E não é por "não passar". Isto nunca foi problema: sempre existe o ano que vem, sou concurseira, sei o que é se preparar e não conseguir.

O que me devasta é pensar que tudo pode estar em risco também por assimetria de informação. Eu não sabia o suficiente sobre as linhas, sobre os professores. Embora tivesse lido tudo o que havia no site do programa, vasculhado currículos Lattes diversos, são quase 30 professores.

E avaliar um currículo não garante nada (nem estou falando do risco de informações desatualizadas). Também é altamente recomendável conhecer orientandos e ex-orientandos.

Antes havia uma fase onde os professores se apresentavam e falavam sobre suas pesquisas. Ao que parece, isto não existe mais. Ou se existe, não apareceu no site.

E eu pergunto: por que!?!

Bem...pode ser que tudo se encaixe da maneira A, na linha em que já estou e pronto. Todos felizes.
Pode ser que haja remanejamentos. Ou uma série de outros acontecimentos que não tenho como prever e que estão absolutamente fora do meu controle.
Ou pode ser que não.

Por hoje não sei o que faço.
Vou tentar dormir, porque o dia amanhã vai ser longo.
Espero sinceramente que seja menos agitado.

domingo, 19 de outubro de 2014

"ser mestre" ou "fazer mestrado"?

Dica rápida para quem é companheiro de jornada: em vez de querer fazer mestrado, pense em se tornar um mestre. Formalmente, quem conclui um mestrado é um mestre. Mas há mestres sem mestrado, e mestrados por formação que não são mestres. E isso não sou eu quem diz: é o Prof. Jacques Sauvé.

Neste ponto acho válido expandir a visão de "mestre acadêmico" e convocar outras imagens de mestres. Pensemos em Jesus, Buda, Yoda, Sr.Miagi. O mestre é alguém com conhecimento elevado, mas com humildade para ensinar, compartilhar, trocar. Fixar essa imagem na mente pode te ajudar a evitar surtos de arrogância, prepotência e auto-suficiência (tão comuns por aí, e um dos entraves à boa ciência).

Para mim, fazer mestrado significa ser aprovado numa seleção, cursar disciplinas e produzir uma dissertação sobre um determinado tema. E ponto. Todos os que conseguirem isto terão um diploma de um curso de mestrado.

Só que quando pensamos em mestres, pensamos em transformação, inovação, inspiração...esperamos mais.

Qual pensamento nos levará além? Qual imagem mental será mais poderosa?

E é por isso que o nome deste blog é "quero ser mestra".

Claro que aqui estou falando apenas de uma habilidade "soft". Um mestre no sentido acadêmico deve saber resolver problemas não-triviais sozinho, aplicar metodologias adequadas corretamente e uma série de outras coisas. Mas acho que a atitude e o comportamento jamais deveriam ser negligenciados.

E sim: sou idealista (porém prática), apaixonada (porém racional) e otimista (porém lógica).

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Achei: ativismo digital e cyberfeminismo

Um dos meus pecados inconfessáveis é que me divirto assistindo "O vestido Ideal", no Discovery Home & Health. Antes de conhecer o programa, nunca havia pensado em quanta expectativa e dificuldade existe na escolha de um vestido de noiva (ah, as construções sociais...). E quando elas finalmente encontram aquele que enxergam como ideal, é como se o semblante inteiro se iluminasse, e fosse impossível esconder o sorriso.

Estou exatamente nesta situação em relação ao pré-projeto. Andei, andei, andei. No começo era BI, Datawarehouse, Processos de Negócio. Depois, Gerenciamento de Projetos. Aí chegou a gestão de Micro e Pequenas Empresas. E então, o Empreendedorismo, a Educação Empreendedora e seu filho muito amado: o Empreendedorismo Social. Foi a vez da Inovação Social. Há duas semanas, chegaram a Economia Criativa e seus Estudos Culturais.

Entrei em todos. Coletei material. Redigi várias linhas. Eu tentei. E com dois ou três, ainda quero aprofundar relações.

Mas ouvir sobre Ativismo Digital ontem foi lembrar da luta pelos direitos da mulher, das crianças, dos gays, dos pobres. E lembrar de como tudo isso mexe visceralmente comigo. Tanto que hoje à tarde gastei pelo menos 1h debatendo sobre mulheres e Tecnologia, pelo Facebook. Ou seja, ainda não conheço o conceito da academia, mas é bem provável que eu seja uma ativista digital.

Sou mais do que isso. Sou uma ciberfeminista.
E é sobre isso que vou escrever.

Se vai ser aceito ou não, é questão de eu conseguir encaixar o pré-projeto no que já existe na linha de pesquisa, e da opinião da banca. Mas...isso é o de menos.

O que interessa é que finalmente eu achei o meu vestido.

Por que mestrado em Administração?

Já me perguntaram mais de uma vez porque quero fazer mestrado em Administração, em vez de continuar na Computação.

Anos atrás, quando comecei a pensar sobre o mestrado surgiram ideias variadas sobre a área. Poderia ser em Computação (óbvio), em Administração (sempre trabalhei na parte comercial/administrativa das empresas), em Ciências Sociais (acho instigante compreender o ser humano, a sociedade, as "grandes questões"), em Filosofia da Ciência (as leituras sobre o conceito e história da Ciência me deixavam - e deixam - empolgada).

Aí escolhi as opções mais óbvias: Administração ou Ciências da Computação (embora ainda queira as outras duas...)

O meu interesse pelo campo da Administração vem da experiência profissional: nunca trabalhei no CPD/TI/etc. Sempre trabalhei na área-fim das empresas, e utilizava a computação como um meio. E então vi na prática que a tecnologia por si só não muda nada: as pessoas é que mudam. Havia sistemas que poderiam ser implantados para facilitar o trabalho, e não o eram por pressões políticas, má-vontade administrativa, miopia gerencial, etc.

Para eliminar as dúvidas, lembro que fui aos sites de alguns programas de pós-graduação em Computação, explorando os temas. Nenhum me fazia ficar empolgada. Na lista de Administração, tudo me dava brilho nos olhos.

Então, decidi: pós-graduação em Administração.

E hoje, por acaso, descubro um texto de Aktouf, que defende a presença de pessoas com formação diferenciada nos programas de Administração:

"(...) eu acredito que os alunos de pós-graduação em administração, os quais vejo como futuros administradores e professores-pesquisadores deveriam ter uma formação de base de administração diferenciada. Deveriam idealmente ter uma formação dentro de outras disciplinas como a filosofia, medicina, matemática ou ainda teologia. Uma pessoa que já tem uma graduação em administração e que quer continuar em uma pós-graduação no mesmo campo não faz outra coisa que correr em círculo, penso eu. Serão, eu acredito, as pessoas vindas de um universo mental muito diferente, o mais afastado possível da administração, as que farão avançar as coisas."

Era o estímulo de que eu precisava hoje.

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Congressos acadêmicos, dificuldades e possíveis soluções

Publicar trabalhos em congressos parece ter se tornado algo menor, ultimamente: a atenção está mais voltada aos periódicos. Emplacar um artigo num "journal" pontua mais em processos seletivos...

Uma das razões que ouvi para esta desvalorização é a de que viajar para congressos é caro, então pessoas com menor condição financeira (bolsistas!!!) fatalmente perdem oportunidades de publicação por não conseguirem arcar com as despesas da viagem.

Achei válido o argumento.

No entanto, ir para eventos significa conhecer pessoas, trocar ideias e explorar novos lugares. Então, em vez de simplesmente relegar isto a segundo plano, poderíamos pensar estratégias para democratizar o acesso.

Para começar, acho que todo evento acadêmico deveria estar no Facebook, e ao se inscrever, você deveria ser convidado a curtir a página. O simples fato de poder ver uma lista das pessoas que estarão no evento já é uma porta aberta para lançar um tópico despretensioso, como "Alguém de RJ(AL/SP/RR...)?". E aí sempre há uma resposta que pode render alguém pra dividir táxi, hospedagem, ou ao menos fazer companhia nas refeições.

Fiz isto no CNEG: havia uma página bem modesta no Face, e lá uma pergunta "Alguém do Sul?". Respondi: "Tem do Nordeste: serve?". Então comecei um bate-papo com a Larissa, que virou companheira de viagem.

Agora vou para o Enangrad. Como não conheço Belo Horizonte, fui em busca da minha primeira opção de hospedagem: a rede Ibis Budget. Os quartos são pequenos, mas confortáveis e limpos. Penso neles como o equivalente hoteleiro do McDonalds: nada de mais, exceto a garantia de padronização em qualquer lugar. A diária fica em torno de R$ 130,00. Este preço é único, mas o quarto acomoda até 3 pessoas.

E aí vem o que me chateia: não conheço ninguém que vai para o Enangrad. Vou pagar por um quarto que poderia, em tese, ser dividido com alguém de confiança, reduzindo os custos.

E há uma alternativa ainda mais interessante: o CouchSurfing. Fico surpresa em ver quantos não conhecem este serviço. Basicamente, é o seguinte: pessoas oferecem quartos, ou até casas/apartamentos completos, para hospedar. Sem custos. Só pelo prazer e satisfação de receber e conhecer gente.

Se utilizássemos o serviço, ou até criássemos um equivalente para os acadêmicos, não seria uma facilidade?

Quanto às passagens aéreas, não conheço muitas opções além de juntar pontos nos cartões de crédito e trocar por milhas (vale usar de pai, mãe, tio, irmão mais velho, etc...). Nosso país de dimensões continentais realmente dificulta um pouco as coisas. Fica uma sugestão: em vez de a organização dos eventos fazer parcerias apenas com hotéis (normalmente os mais caros), não seria possível alguma iniciativa com as companhias aéreas?

Em tempo - para mim, estes sites são velhos conhecidos, mas sempre tem alguém que começou a viajar agora e não conhece:

  • Booking: uso só para procurar hospedagem, mas ele também indica pontos turísticos, museus, restaurantes, etc;
  • Airbnb: semelhante ao Couchsurfing, mas aqui há valores envolvidos. Pessoas físicas alugam quartos, apartamentos e casas diretamente aos hóspedes. Acho interessante para grupos de 3 ou mais pessoas. Fiquei num flat alugado por lá durante o Rock in Rio 2013 e saiu muito mais barato que pagar diária em hotel.
  • TripAdvisor: é o melhor amigo dos viajantes. Traz avaliações reais e atualizadas de hotéis, pontos turísticos, restaurantes, etc. É possível comparar preços de hospedagem em vários sites ao mesmo tempo.  

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Onde estão as bibliografias comentadas?

Pode ter sido apenas azar.
Mas não acho bibliografias comentadas em português.

Acho perfeita a ideia de bibliografias comentadas (ou, em má tradução, "anotadas"): elas te dão o roteiro essencial sobre algum tema. Economizam tempo e esforço: você não precisa esperar que alguém te diga o que ler (orientador, colega, etc) ou gastar horas vasculhando as bases de periódicos, Scholar e outros. Lá estão os artigos e autores de referência: aqueles que provavelmente serão presença obrigatória no seu artigo, pré-projeto, monografia...

Também são chamadas de "leituras essenciais".

Quando procurar por elas, tente "seu tema" + "annotated bibliography" ou "seu tema" + "essential readings". Acredite: vai agilizar muito o seu trabalho. O chato é que...são em inglês.

Seguem duas bibliografias sobre os assuntos que me interessaram recentemente: Economia Criativa e Empreendedorismo Social.

E fica a pergunta: onde estão as bibliografias em português? Os professores não fazem? Os pesquisadores não utilizam? Eu não sei procurar?

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Solucionando a problematização

Uma palavra que encontro com frequência em todo e qualquer artigo que leio é problematização (e problemática, problematizar...). É um jargão. Pronto, falei (isto também é um jargão, típico da redes sociais).

E aí hoje cansei de olhar para estas palavrinhas, sendo utilizadas a torto e a direito e em circunstâncias diversas, e fui atrás do significado real.

Uma pesquisa rápida me fez chegar a este precioso artigo da Ciência Hoje, onde está a intuitiva explicação de que "problematizar é simplesmente fazer boas perguntas". É o processo de "desnaturalizar": olhar para uma questão, uma ideia, um acontecimento, e em vez de "achar normal", questionar as origens, causas, consequências. Isto já dizia outra fonte, baseada em Foucault.

Não, não fui a fundo nem vi mais detalhes. Mas já baixei um artigo mais detalhado sobre o tema: "O que é problematizar? Geneses de um paradigma", de Michel Fabre. Leio em breve.

Por enquanto já é suficiente saber que o que preciso fazer é aquilo que já faço desde que me entendo por gente: perguntar "Porquê? Para quê? Para quem?".

Claro que este é um processo longo, envolve técnica e aprendizado. É mais fácil elaborar uma boa resposta do que uma boa pergunta. Mas, como diz meu pai: comece com o conceito.

Então, agora quando leio "problematizando XYZ", traduzo mentalmente para "fazendo boas perguntas a respeito de XYZ, investigando origens, causas, etc...". Ficou bem mais fácil.

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Sobre curiosidade e fontes alternativas de inspiração (pré-projeto)


Acho que uma das características mais desejáveis de uma pessoa é a curiosidade. Não aquela perniciosa, de saber futricas da vida alheia, de ser intrometido, invasivo. Falo daquela curiosidade que é típica da criança, que se surpreende com aquilo que para nós, crescidos, é banal. Aquela curiosidade de quem não está psicoadaptado ao mundo, e que Jostein Gaarder defende ardentemente no Mundo de Sofia.

É esta curiosidade que nos faz descobrir, criar, enxergar relações. Nas leituras sobre inovação, um pensamento que se destacou para mim foi o de que inovar nem sempre envolve coisas absolutamente novas. Pode ser simplesmente uma conexão nova, entre coisas já existentes.

Nesta linha, em algum dos vídeos que assisti hoje uma professora comentava sobre a fragmentação da Educação (salvo engano, Cláudia Leitão), e mencionava como a reintegração das partes, nos fazendo enxergar novamente o todo, é benéfica. Pelo que pude apreender do meio científico, à medida em que se avança, sabe-se cada vez mais sobre cada vez menos. Então, corremos o risco de não fazer conexões novas, porque não olhamos "do lado de lá".

Para mim, a gente tem que manter os olhos e a mente abertos, e receber estímulos variados. Na minha estante de leituras recentes tem livro sobre problemas neurológicos (O homem que confundiu sua mulher com um chapéu), o caos no marketing e na propaganda (Cenário de Caos) e os problemas do modelo de casamento atual (Profissão: Esposa). Decididamente, não sou linear.

Então, minha pesquisa exploratória de hoje começou lendo a última edição da Revista da Cultura (disponível online), que neste mês é dedicada à Educação. Nela vi um projeto fantástico, de um jovem profissional que largou o emprego numa empresa de marketing para se lançar numa viagem pelo Brasil, descobrindo ideias e soluções para a Educação. Sem patrocínio, sem apoio. Apenas raspou as economias e foi. O resultado do trabalho virou livro com a ajuda de crowdfunding. Mais sobre o projeto.

E aí, despretensiosamente, fui ao Google com três palavras apenas: "economia criativa" + "educação". Pronto. Caí no site da Escola São Paulo, instituição voltada à economia criativa que atualmente promove um fórum permanente de educação para a economia criativa. Na sequência, vídeos e mais vídeos, nomes de referência, etc, etc, etc.

Acho extremamente válido consultar periódicos quando se está elaborando um projeto de pesquisa. Afinal, é lá onde está a produção acadêmica atual. Só que o conhecimento não está apenas na academia e, definitivamente, não apenas na sua área de estudos. Achei iniciativas de Economia Criativa com o pessoal de Artes, Comunicação Social...até de Economia.

Então, o que quero com isso tudo? Primeiro, conseguir dormir, porque os pensamentos vêm e vão e tenho que levantar cedo amanhã. Segundo, falar de fontes de inspiração alternativas (além do periodicos.capes). Terceiro, deixar um lembrete para os tempos que virão, quando eu talvez fique imersa numa gota de água, sem enxergar sequer o copo, que dirá o oceano.

sábado, 4 de outubro de 2014

Agora é "na vera": inscrição ok!


Já comentei em textos anteriores que o dia-a-dia no mundo acadêmico segue o mesmo esquema da vida em geral: repleto de altos e baixos. Há dias em que os parágrafos fluem dos dedos com uma facilidade quase mágica, e aqueles momentos em que simplesmente estacionamos numa vírgula.

Esta semana me inscrevi na seleção do mestrado, na UFPE. Ao receber o comprovante da inscrição, o primeiro pensamento foi "ops, agora está ficando sério!". Não é só mais um plano, um pensamento, uma vontade. É concreto.

Conversei com professores no departamento, a impressão geral foi bastante positiva. A questão é que agora tenho 20 dias para finalmente escrever um pré-projeto pelo qual eu seja apaixonada, que interesse aos professores e ao "mercado da ciência". Tudo ao mesmo tempo: aquela área de intersecção que mostrei visualmente aqui.

A missão não é fácil e, sim, já passei por aqueles instantes de paralisia. Nada como uma amiga/orientadora para nos resgatar destes momentos. E nos fazer lembrar dos desafios que já ultrapassamos e tudo o que já aprendemos.

Vou mergulhar nos autores e termos novos que ouvi, fazendo um amálgama com o conhecimento que já tenho, e espero que desta junção resulte aquilo de que preciso: um bom pré-projeto, para mim, para a PROPAD, e para a pesquisa.

Que a Força esteja comigo. E com vocês.

Em tempo - "na vera" é uma expressão que vem da minha infância, que significa "é de verdade, é sério". Quando estamos fazendo algo só por diversão, é "na brinca". Gírias de crianças =)

terça-feira, 30 de setembro de 2014

O poder do compartilhar


Num mundo dominado por patentes e concorrência acirrada pode parecer utópico falar sobre compartilhar conhecimento.
Ainda vou falar mais deste assunto, mas por enquanto vou só contar uma experiência poderosa dos efeitos de compartilhar:

No começo, este blog existia por causa do meu sonho de entrar no mestrado. Hoje posso dizer que meu sonho de entrar no mestrado está cada dia mais perto por causa do blog.
Parece mentira, mas eu conheci a minha orientadora através dos textos daqui. Após escrever a série de posts sobre o teste ANPAD me veio a ideia de enviar o link para o Prof. Milton, que mantém um grupo preparatório para o teste no Facebook (e fisicamente, em Curitiba). Ele apoiou a ideia e divulgou no grupo.
Eis que no dia seguinte uma pessoa de lá abre um chat comigo no Facebook e pede mais detalhes de preparação, material, etc. Começamos a conversar, e descubro que ela está tentando o doutorado e já é professora federal. Eu achava que ia ganhar uma aliada na disputa pelo mestrado, mas acabei ganhando uma orientadora, a quem devo minha gratidão eterna por todo o auxílio e amizade nos últimos meses.

O meio acadêmico pode não ser o mais adequado para esta troca: há sabotagem, intrigas, disputa de egos. Sim, os cientistas são seres humanos como quaisquer outros, e o meio acadêmico é apenas outro sistema social. Com todas as qualidades e defeitos que lhe são pertinentes (embora eu sinta um pouco de miopia da ciência quando a questão é a autoanálise).

Ainda assim, fica o convite: compartilhe =)
Que a gente não seja como aquela música do Los Hermanos: "é a solução de quem não quer perder aquilo que já tem: fecha a mão pra o que há de vir".

E então, a 2ª apresentação de artigos


Há um tempo postei um texto sobre aquisição de habilidades: em 20h de prática você consegue atingir um nível razoável de destreza em praticamente qualquer tarefa.

Bem, ainda não tenho 20h de apresentação de artigos, obviamente, mas senti melhoras significativas nesta 2ª apresentação, desta vez no Congresso Internacional de Tecnologia na Educação. Eu já sabia que a plateia seria pequena (no máximo umas 20 pessoas), que os comentários dos professores que acompanham as apresentações seriam elogiosos (nada de destruir seu trabalho publicamente) e que as perguntas da audiência (raras), seriam tranquilas. Nada disso eu sabia na primeira vez.

Então, em vez de ensaiar tudo com dias de antecedência, bastou apenas fazer os slides na antevéspera (utilizando o mesmo esquema da apresentação anterior) e daí repassar o texto de abertura e as palavras de conexão entre os slides.

Explico melhor: quando ensaiei da primeira vez montei um texto de abertura que é basicamente o seguinte:

"Bom dia/boa tarde, meu nome é Rosa Lucena, e o trabalho que vou apresentar é sobre/é na área de XXXXX.  E quando se fala de XXXXX uma das primeiras perguntas que ocorrem é YYYYY. Bem..."

Para a apresentação do artigo sobre gerenciamento de portfólio, a pergunta era "Por que falar de portfólio de projetos? O que são projetos?", e aí eu explicava o conceito de projetos e justificava rapidamente a relevância do tema. Já neste segundo, a pergunta foi "Por que é importante falar de micro e pequenas empresas na graduação?" e em sequência expus a importância econômica deste segmento no país, e como a Educação Superior pode ajudar no sucesso delas.

Assim, adaptei o texto de abertura, e fui passando os slides um a um, identificando qual seria a "deixa" para o próximo. Por exemplo: num slide faço uma contextualização, e antes de passar para o seguinte digo algo como "dado este cenário, o problema que motivou este artigo foi...". Isto ajuda a não deixar a apresentação mecânica, lida.

Isto fiz na madrugada de véspera, ao som de Midnight, novamente (porque mexer em time que está ganhando??). E tudo correu bem. Nervosa, sempre fico, é claro, mas me senti mais firme do que na primeira vez. Também ajudou seguir a lição aprendida da primeira vez: ler o artigo inteiro pouco tempo antes da apresentação.

Ah, você não viu como foi a primeira?? Sente o drama: A primeira apresentação de artigo


domingo, 28 de setembro de 2014

Ah, a primeira apresentação de pôster (banner)


O trabalho que submeti para o CNEG foi aceito na modalidade pôster. De cara a gente sente aquela alegria imensa de ter o trabalho aceito (êêê!! mais pontos para a seleção!!), mas depois vem aquela sensação de "hmm...não estava tão bom assim...senão iria para apresentação oral". Bom, deixei a sensação para lá e fui cuidar de preparar o material.

E aí vem a primeira desvantagem de apresentar banner: você tem que encomendá-lo a uma gráfica. Sim, sei de congressos onde o pessoal imprime o material em várias folhas A4 e aí cola tudo no espaço reservado. No meu caso, esta não era uma opção, dado o nível do evento. E de qualquer maneira, segundo Fabiana, só se vê este tipo de "pôster" em eventos muito simples, como semanas de estudantes e afins.

Então, lá fui eu preparar o banner (de acordo com o modelo disponibilizado no site do congresso). Por causa da correria no trabalho, acabei preparando tudo 2 dias antes de viajar, o que me deixou com um prazo muito apertado para a confecção. Recomendo deixar na gráfica com pelo menos 3 dias de antecedência do dia necessário para evitar problemas. Acabei tendo que que recorrer ao meu irmão, que imprime projetos gráficos com frequência, para conseguir que a gráfica me entregasse em menos de 48h.

Como iria viajar de avião, ainda havia um outro problema: o banner tem partes de madeira, então (disse-me o funcionário da TAM) ele não pode embarcar como bagagem de mão - eu teria que despachá-lo no check-in. Podem imaginar como meu coração estava ao me despedir dele no balcão. Para protegê-lo, ainda tive que comprar um daqueles tubos de plástico, típicos do pessoal iniciante de arquitetura, engenharias, etc.

Em tempo: disse-me um amigo muito mais experiente em congressos e afins que basta abrir os tubos que compõem as extremidades do banner e retirar as tiras de madeira, despachando-as sozinhas, e então você pode levar o pôster dobrado consigo. Eu, como criatura inexperiente e desastrada, não me arrisquei. E não me arriscaria.

Continuando, lá fomos nós, eu e o banner, para o Rio de Janeiro. A apresentação foi no segundo dia de congresso, em Niterói, na UFF (Universidade Federal Fluminense...e se fala "uf", não "u-éfe-éfe", que se frise).

Apresentar banner é uma experiência muito semelhante àquelas feiras de ciência que a gente faz na escola, no primário: você fica lá em pé, parado do lado seu cartaz (pôster), rezando para que alguém apareça e para que você saiba responder às perguntas que vierem.

Eu achava que ia ser uma experiência angustiante, mas acabou sendo bem mais tranquila do que meus cenários sombrios previam (é, meu otimismo às vezes falha). A primeira coisa que te salva de 1h30 de tortura é conversar com as pessoas que estão expondo ao seu lado. No meu caso, a organização teve o cuidado de colocar os temas próximos lado a lado, então acabei ficando perto de uma mestranda que falava de gerenciamento de projetos. Daí nos juntamos a um funcionário da Petrobrás (e doutorando, salvo engano), que estava no espaço ao lado, e começamos as conversas, trocas de experiências, comentários. O tempo passou rápido.

Nesse meio tempo, sempre aparece alguém da banca para avaliar. Comigo foram dois: uma professora bem jovem, que tinha feito um trabalho semelhante e que fez comentários bastante pertinentes, e um professor já mais velho, que ouviu tudo o que eu disse com expressão de aprovação. Nada de bicho-de-sete-cabeças.

Terminada a hora e meia, é tempo de recolher o material e ficar aliviado. Eu estava na primeira rodada de apresentação, então se por um lado não havia muita gente na minha vez, eu fiquei liberada para ver trabalhos o dia todo. Houve até uma coincidência: no lugar em que eu estava, o pôster que se seguiu era de um estudante do IFAL, sobre hidroponia em São José da Tapera. A iniciativa me deixou feliz: esta é uma cidade paupérrima aqui de Alagoas, e toda iniciativa para melhoria de qualidade de vida da população é bem-vinda.

Resumo da pausa


Desde junho estou sem escrever no blog, mas a produção fora daqui foi intensa =)

Nesse meio tempo, minha submissão para o CNEG (Congresso Nacional de Excelência em Gestão) foi aceita (apresentação de banner) e escrevi dois trabalhos sobre Gestão de Micro e Pequenas Empresas e a ausência deste tema na graduação em Administração. Os dois foram aceitos: um no Congresso Internacional de Tecnologia na Educação e o outro no Enagrad. Para quem não tinha uma única publicação até abril desse ano, foi um grande progresso. =D

Esta semana devo me inscrever na seleção de mestrado da UFPE. E o mês de outubro será inteiramente dedicado à redação do pré-projeto. Que continuem os jogos!

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Ah, a primeira apresentação de artigo...

Feitos os slides, hora de se preparar para a apresentação.
Bem, nunca tive muitos problemas nos trabalhos e seminários da faculdade. Exceto um: falar rápido demais. Normalmente, já sou uma metralhadora. E nervosa, a situação é ainda pior.

A solução para contornar esta dificuldade é aquela velha conhecida dos atores e palestrantes: ensaiar, ensaiar e ensaiar. Sempre fui fã de atuar (adorava fazer peças na escola), e sei o quanto é importante repassar o texto incontáveis vezes. A gente até acha que está bom quando começa, mas depois de alguns dias (ou semanas, meses) percebe o quanto evoluiu.

Então, aproveitei como plateia alguns amigos que não são exatamente da área, justamente para verificar se eu estava sendo clara o suficiente. E acho que este deve ser o primeiro cuidado: ainda que a plateia costume ser exígua, é uma boa prática planejar a apresentação pensando naqueles que estão assistindo, e que podem saber pouco (ou nada) sobre o tema do seu trabalho.

Também é bom imaginar o que pode ser questionado pela banca. Quais são as lacunas óbvias do seu trabalho? A amostra é pequena? Está restrita a uma localidade? Não houve avaliação ao longo do tempo? Os resultados não são conclusivos?

Usei um pouco da técnica de hábitos para tentar me condicionar a ficar calma: antes de começar a apresentar, ouvia a música Midnight, do Coldplay. Esta é uma canção bem tranquila, com um vocal meio etéreo, me lembram os ecos de vozes em catedrais. Ouvia o começo, começava a respirar no ritmo dela, e então estava pronta para falar.

Como eu ia apresentar sozinha, providenciei um controle para slides. Quando existe uma dupla, dá para confiar no colega, mas este não era meu caso.

Para o dia da apresentação, a ajuda veio das técnicas de gerenciamento de projetos, mais especificamente, do gerenciamento de riscos: eu tinha os slides salvos no notebook (com bateria cheia + carregador), hd externo, mp4, celular e (claro!) em dois emails, de provedores diferentes. Ainda tinha a versão dos slides impressa, caso precisasse apresentar "à moda antiga". Como eu ia apresentar à tarde, e teria que almoçar no local do evento, levei uma blusa extra, afinal, uma porção de macarrão bem que poderia se apaixonar pela minha camisa branca...

Fico feliz em dizer que nenhum dos riscos se concretizou, e que a apresentação foi bastante tranquila. Eu estava escalada para ser a última, começando às 16h40min, mas acho que houve algumas ausências: acabei iniciando antes das 16h. E esta é uma dica: chegue cedo na sala de apresentação. Nunca se sabe quando pode acontecer uma antecipação. Para mim também foi importante estar na sala desde o começo da tarde porque pude controlar o nervosismo: logo que entrei, o coração acelerou. Quando chegou minha vez, já estava quase no nirvana...rss...

Senti falta de um pouco mais de feedback. Fui preparada para responder algumas perguntas, mas não houve nenhuma. De resto, ficou a sensação de dever cumprido.

Que venham as próximas!

Em tempo, lição aprendida: ler o artigo na véspera e no dia da apresentação, e levá-lo impresso. Já fazia algum tempo que eu havia terminado este artigo, então tinha esquecido alguns detalhes. Acabei passando um pouco de sufoco revisando tudo pelo celular.

Como fazer slides para apresentação de artigo

Antes de pensar em como iria apresentar o artigo, eu me preocupei com os slides. Afinal, os tópicos é que iriam guiar as minhas falas.

Neste ponto, duas mentoras foram indispensáveis: a Fabiana (co-autora e orientadora), que me enviou o script completo para elaboração da apresentação, e uma professora do técnico de informática, Áurea Luiza. Se Fabiana foi indispensável em relação ao conteúdo, tudo o que sei sobre slides e afins vem de Áurea, uma professora de design que, por um feliz acaso, nos ensinou Powerpoint e afins.

Dicas: use fontes legíveis, grandes (mas não enormes), alto contraste entre cor de fundo e fonte (eu usei fundo branco com texto em preto, bem básico - mas caprichei nas fontes e imagens), e POUCO TEXTO!

Slides têm que ter tópicos, palavras-chave, imagens, gráficos - e não uma cópia inteira dos parágrafos do artigo. Até porque a recomendação número 1 para apresentação é NÃO ler o slide. Se houver grandes textos, a tentação de ler tudo é irresistível.

Quanto à estrutura, usei o esquema abaixo, sob recomendação da Fabiana:

  • SLIDE 1 - Título do artigo e nome dos autores
  • SLIDE 2 - Contextualização do tema
  • SLIDE 3 - Pergunta ou problema da pesquisa
  • SLIDE 4 - Objetivos
  • SLIDE 5 - Principais autores utilizados na fundamentação
  • SLIDE 6 - Metodologia (aqui dá para usar um fluxograma, com animação, para deixar mais interessante)
  • SLIDE 7 (...) - Principais resultados (pode ter mais de um. Também usei um pouco de animação para destacar alguns pontos relevantes)
  • SLIDE 8 - Conclusão
  • SLIDE 9 - Principais referências
  • SLIDE 10 - Repete a capa, porém, abaixo do nome eu coloquei o e-mail para contato

Simples, direto e básico.
Para mim, funcionou =)

segunda-feira, 26 de maio de 2014

A primeira publicação a gente também não esquece

Pouco mais de 20 dias.
E um desafio: escrever o meu primeiro artigo científico "de verdade".

Escolhi um assunto familiar: gestão de projetos. E dentro dele, um tópico que eu sempre achei subestimado: o gerenciamento de portfólio. Enquanto a gestão de projetos se preocupa em fazer o projeto da maneira correta, o gerenciamento de portfólio busca identificar o projeto certo: aquele que vai te levar (ou a organização) ao objetivo desejado. Acho até que a preocupação com a gestão do portfólio deveria ser anterior às considerações sobre projetos...

Tema definido, decidi fazer uma análise bibliométrica da produção acadêmica existente sobre o assunto, mesclada à análise de conteúdo. A inspiração veio de artigos da mesma linha. Assim o fiz.

Quem diz que escrever é reescrever está coberto de razão. Meus dedos não são suficientes para contar as versões de parágrafos e seções. E padawan (iniciante) que sou, tudo foi dificuldade: como mencionar as referências no corpo do texto, que nome colocar nos títulos das seções, etc.

Mas saiu. Com a ajuda da Fabiana, que corrigiu todas as versões e é co-autora do artigo, com toda a justiça. E da Regina, cujo "bom dia" para mim era: "e aí, e o artigo?". Da Mari, amiga para todas as horas. De Dona Luiza e Seu Francisco, que gostaram da minha presença lá na casa deles durante toda a Semana Santa, mesmo eu tendo ficado mais tempo no notebook do que conversando. De André e Gustavo, que deram apoio logístico com transporte de livros, roupas e frutas. Da Bibi e do Jhonny, que salvaram uma noite de produção, quando Lady Murphy resolveu cortar a energia do prédio inteiro por mais de 24 horas. Da Israela, Mônica e Rosana, que entenderam as ausências e sempre dão força. E do Will, que me ouviu falar por longos minutos sobre as dúvidas, incertezas e frustrações que envolvem toda e qualquer produção acadêmica.

O artigo foi aceito. Vou apresentar no dia 07/06. Um pequeno passo para quem é, sei lá, doutor. Mas pra mim, aspirante a mestra, é um passo enorme.

Impossível não soltar um grito (moderado, claro...rss) ao ver meu nome na lista de submissões aceitas. Impossível não ficar feliz com o resultado. A gente se planeja, se prepara, batalha...mas isto não tira o gostinho de conseguir: ao contrário - é um indicativo de que todo o nosso trabalho deu certo.

Agora é ensaiar para falar. E tentar falar mais devagar.

E, claro: pesquisar mais!!! =)

sexta-feira, 2 de maio de 2014

A primeira submissão a gente nunca esquece


Na última Semana Santa, fiz um programa diferente: não tinha Lolla Palooza, não visitei a família no interior, e também não fui para todas as celebrações. Estava escrevendo um artigo.
Missão cumprida: consegui submeter para o Congresso Brasileiro de Administração e (de quebra), para o Congresso Nacional de Excelência em Gestão. Se os trabalhos serão aceitos é outra história, cujo final completo só saberei em junho.
Enquanto isso, vamos para o segundo artigo: desta vez, sobre micro e pequenas empresas. Eu, que sempre adorei BI, Data Warehouse e afins, estou me descobrindo encantada por empreendedorismo e gestão de MPEs. Estou deixando a pesquisa me levar: vamos ver onde vou chegar.

Mãos à obra! Desta vez, o prazo é dia 09/05!


segunda-feira, 7 de abril de 2014

Gosta de montanha-russa? emoções fortes? faça pesquisa!


Mal comecei a incluir a pesquisa no meu dia-a-dia, e já sinto os altos e baixos, as fortes emoções, a tensão...

Eu já havia passado por isso durante a elaboração dos TCCs da graduação e da especialização, mas sabe como é: não me lembrava dos detalhes.

Não lembrava o êxtase que nos envolve quando finalmente encontramos aquela referência que conecta e embasa todas as ideias dispersas. E, especialmente, não lembrava o quanto é frustrante colocar todas as combinações de termos possíveis no Google Scholar, e simplesmente não receber um único resultado relevante.

A parte boa é que depois de uma noite de sono (curta) e algumas conversas produtivas, o ânimo reapareceu e as peças do quebra-cabeça começam a fazer sentido. É neste ponto que estou agora: vendo se tudo aquilo que pensei/li/analisei realmente tem conexão. E se vou dar conta de explicitar tudo num artigo até dia 25/04.


domingo, 6 de abril de 2014

Dica de ouro - periódicos, eventos e prazos

Sabe quando você lê, lê de novo e lê mais uma vez uma informação, mas não consegue enxergar o impacto daquilo na sua vida?

Explico: nas andanças pelos textos do mundo acadêmico me deparei várias vezes com os comentários sobre a demora na avaliação de artigos submetidos a periódicos - um pesquisador por esperar meses, até anos, para ter a resposta sobre o material que enviou.

Informação compreendida, certo? No meu caso, não.

O que eu estava fazendo? Lendo sobre os requisitos de submissão para periódicos. Foi quando a profª Fabiana Ferreira me abriu os olhos - se quero pontuar na seleção de mestrado no final do ano, posso dar adeus a eles! Simplesmente não vai dar tempo. O foco deve ser a publicação em eventos.

Tão óbvio, não?

Em tempo: aceitei o desafio de produzir algo para um evento cuja submissão encerra em exatamente 20 dias (Congresso Brasileiro de Administração). Estou condensando as leituras e reflexões que venho fazendo desde o começo do ano, e acho que vai valer a pena. Mesmo que o artigo não seja aceito, ficam o aprendizado e o exercício da escrita. Por esta razão, devo aparecer pouco por aqui =/

terça-feira, 1 de abril de 2014

ANPAD - Lições aprendidas (conclusão)


Por experiência própria, existem muitos estudantes bons que não sabem estudar. Por muito tempo, eu fui assim. Tenho facilidade para memorizar, então "decorava" o assunto e conseguia notas boas. Até que vieram o Ensino Médio e a faculdade para me sacudir e mostrar que a realidade é bem mais complicada.

A última dica que posso dar é que aprender a estudar é indispensável. Não só para o ANPAD. Se você está fazendo o teste é porque pretende passar, no mínimo, mais 2 anos na área acadêmica. A gente pode reclamar da extensão do conteúdo do ANPAD, mas já viu a carga de leitura de um doutorando?

Eu sei que é possível que você aposente os livros de Matemática e Lógica depois do teste, sem a menor intenção de olhar para eles novamente. A sua área de pesquisa pode ser absolutamente diferente de tudo o que você vai ter que estudar agora. Só que, em termos de hábitos, não há  diferença entre estudar Equações de 2º Grau e ler o artigo do Pesquisador X. Tudo é estudar.

Mas aí você pode dizer que não tem muita motivação para estudar x porque o que você ama realmente é y. Certo, normal. Só que ao longo do curso de mestrado/doutorado você também vai estudar coisas que não ama. Por exemplo: no mestrado existe um conjunto de disciplinas obrigatórias que você vai pagar, amando ou não. Então, é melhor aprender a lidar com essas questões agora.

Por que não aproveitar este tempo para entender como você aprende? Você memoriza melhor quando ouve? Ou quando fala, fingindo que está explicando para alguém? Não sabe ficar sem rabiscar enquanto lê? Gosta de desenhar? Quanto tempo você consegue estudar sem parar? Rende mais de manhã, à tarde, de madrugada? Precisa revisar o assunto só uma vez por semana ou é melhor reler todo dia o que viu na noite anterior?

Este auto-conhecimento vai ser muito útil nos próximos passos da jornada. E se você já tem todas estas respostas, parabéns! A faca e o queijo estão na sua mão!

Dois links de brinde: o primeiro é um texto do Prof. Jacques Sauvé. Assisti uma palestra dele há uns 10 anos (meu Deus, como o tempo passa!) e quando comecei a pensar no mestrado, este foi um dos primeiros textos que encontrei. Lá está, em detalhes, o que se espera de um aluno de mestrado. Claro que esta é uma mensagem para os orientandos dele, mas achei as dicas e expectativas bem pertinentes.

O outro é um vídeo de meditação em 1 minuto só. A técnica é extremamente simples, e perfeita para momentos de estresse e cansaço pós-questões.

E assim encerro a série sobre as lições aprendidas no ANPAD. Se eu lembrar de mais alguma coisa relacionada ao teste, atualizo os posts. Espero que tenha sido útil!

Boa sorte a todos que vão fazer o teste! Acredite: é só uma prova. E você vai se dar bem.

Se meu plano de mestrado funcionar, daqui a 2 anos eu me encontro com ele de novo, para o doutorado! =)

Um agradecimento especial ao Profº Milton Araújo, do Instituto Integral, que divulgou a série do grupo do Facebook (e cujas apostilas foram essenciais!)

E outro agradecimento a todos os leitores que passaram por aqui nestes últimos dias. A série terminou, mas o blog não. Sendo otimista, ele só termina com a aprovação da dissertação. Continuo compartilhando o dia-a-dia da saga!


Perdeu o começo?

ANPAD - Lições aprendidas (introdução)
ANPAD - Lições aprendidas (parte I)
ANPAD - Lições aprendidas (parte II)
ANPAD - Lições aprendidas (parte III)


Edit 1: Não me encontrei com o ANPAD de novo, porque emendei o mestrado com o doutorado e aí pude aproveitar a nota que havia tirado antes =) ...e sim, concluí o mestrado em fev/2017...e agora estou numa missão mais longa: quero ser doutora!...kkkkkk....

segunda-feira, 31 de março de 2014

ANPAD - Lições aprendidas (parte III)


Hoje vou falar da montagem de cronograma, qual o objetivo de questões certas, e da experiência de fazer a prova. Ao trabalho! =)

  • Como montar o cronograma de estudos?
Existem diversos sites que falam sobre o assunto. Aqui, mais uma vez, dá para usar as lições aprendidas dos concurseiros. Conhece o o Concurseiro Solitário? Livros do Profº William Douglas? Recomendo fortemente. 
Você pode adotar a estratégia de revezar as matérias ao longo da semana, ou escolher uma e estudá-la por um período maior. Ou ainda, misturar as duas técnicas. Qual a melhor maneira? Depende. Você tem problemas para ficar mudando de um assunto para o outro? Ou fica entendiado se demorar muito num tópico? 
Eu preferi começar estudando só Raciocínio Lógico, porque era a matéria onde eu tinha maior dificuldade. Depois de passar aproximadamente 3 semanas me dedicando só a ela, as questões começaram a fazer sentido e eu passei a errar menos. Então incluí Raciocínio Quantitativo na rotina, e fui alternando as duas por aproximadamente 2 meses. Só em meados de janeiro comecei a estudar Raciocínio Analítico, Inglês e, finalmente, Português. 
Independente da estratégia que você usar, cuidado com a tentação de estudar mais o que você já domina. Não evite os assuntos espinhosos: são eles que vão fazer a diferença no seu resultado. 
Eu tentava estudar em torno de 3h/dia durante a semana, e 6h/dia no final de semana. Nem sempre conseguia cumprir, mas tentava compensar as faltas. Ao todo, de preparação intensiva, foram 4 meses: novembro/13 a fevereiro/14. Antes disto eu já estava coletando material, olhando as provas... E sim, estudei até a véspera do teste. Para mim, sempre funciona. Tem gente que fica mais nervoso se estudar em cima da hora, eu fico mais tranquila. Depende de como você funciona. 
A sequência era: ler a teoria, resolver exercícios do próprio livro, resolver as listas do prof. Milton (para Raciocínio Lógico/Quantitativo) e depois encarar as provas anteriores. 
Dica: em Raciocínio Quantitativo, reserve tempo para Conjuntos, Matrizes e Determinantes, Probabilidade e Análise Combinatória, Regra de Três Composta, Trigonometria e Geometria Plana. Um pouco de Geometria Analítica também (coeficiente angular, alinhamento de 3 pontos...). São os tópicos que vi serem cobrados com mais frequência nas provas. 
  • O que é um bom desempenho?
A maioria das provas anteriores possui 20 questões em cada disciplina (na versão atual do teste são 17 por disciplina, num total de 85). A quantidade desejada de acertos varia: acertar 10 questões (em 20) de Português é pouco, mas em Raciocínio Lógico é um bom resultado. 
Quando estiver resolvendo uma prova de 20 questões, pense em acertar ao menos a metade. Um pouco mais que isso (13 ou mais), se for Português, Inglês ou Raciocínio Analítico. Um pouco menos que isto para Raciocínio Lógico e Quantitativo (entre 8 e 12). Este é um resultado aceitável. Eu chutaria que isso corresponde a uma nota de 300 e alguns pontos. Se você precisa de uma nota maior, eleve o objetivo. 
Lembrando: isto é para uma prova antiga, no treino. Reduza os valores quando estiver avaliando seu resultado real, que será numa prova de 17 questões para cada matéria.
  • E a prova? Como é? O tempo realmente dá?
Houve uma mudança significativa na forma de aplicação do teste. Quem fez edições antigas me conta que todos entravam na sala, o fiscal entregava a prova de uma disciplina e marcava o tempo, que variava entre 40min (Raciocínio Analítico) e 1h30 (para Raciocínio Quantitativo e Lógico). Quando você terminava a prova, entregava a folha de respostas e saía da sala. Quando o tempo total daquela prova se esgotava, todos voltavam e recebiam a próxima prova. 
Ou seja: o tempo que sobrasse em uma prova não poderia ser acrescentado em outra. Você podia resolver o teste de Raciocínio Analítico em 15 minutos. Então iria ficar 25 minutos esperando. E continuaria tendo 1h30 para Quantitativo e Lógico. Total desperdício.
Agora o teste ANPAD é como um concurso qualquer: você recebe o caderno completo (todas as disciplinas) e a folha de respostas, marca-se o tempo (4h30) e boa sorte. 
Para controlar seu tempo leve um relógio analógico no braço (aquele básico, só números e ponteiros) - não confie no fiscal. No meu caso, a que estava na minha sala disse que ia cumprir rigorosamente o edital e só nos avisaria quando faltasse 1h para o término do tempo. E eu não tinha levado relógio. 
Lá estava eu, na metade da prova de Analítico (já havia respondido Lógico, Quantitativo e Português), quando a fiscal alerta: falta 1h. Eu tinha que terminar a prova de Analítico, responder a de Inglês e marcar TODO o gabarito. Quase surtei. Normalmente fico com tempo folgado, e naquela hora tinha que correr.
Resolvi a prova de Inglês às avessas: lia o título do texto e ia direto para as questões. Quando ele perguntava "A expressão x se refere a..." eu ia direto na "expressão x" e tentava inferir o resultado. Sempre tem 3 questões de vocabulário para cada texto e, por sorte, eu sabia o significado das palavras - não precisei gastar tempo (que eu não tinha) deduzindo pelo contexto.  
Então, o tempo dá? Dá. Mas não admite desperdícios. Eu demorei muito resolvendo e conferindo a prova de Raciocínio Quantitativo, refazendo os cálculos, tentando deduzir como se calculava o desvio-padrão (não tinha estudado nada de estatística!), ou seja: todo aquele cuidado que é adequado quando há tempo de sobra. Acabei arriscando todo o resultado do teste por causa deste cuidado (poucos acertos em Inglês/Português/Analítico puxam sua nota para baixo). Poderia ter otimizado a resolução da prova e evitado uma dor de cabeça. No final, tudo deu certo, mas foi por pouco. Imagina trocar as respostas no gabarito?
  • Certo. Tudo lindo. Mas e o que deu errado?
Bem, já contei uma coisa: não controlei bem o tempo de prova. 
Também comprei o volume II do prof. Jonofon Séracles (Raciocínio Lógico) e não usei nada. 
Gastei tempo de estudo resolvendo questões esquisitas do teste. Sabe uma de quantas vezes o ponteiro dos minutos fica sobre o das horas ao longo de 1 dia (fev/2013)? E outra de quantas pesagens são necessárias para saber qual a pilha com menor peso? Foram horas de pesquisa e tentativas. E só depois percebi que aquela era só 1 questão da prova, e nem estava diretamente relacionada a algum conteúdo que eu pudesse estudar. Era uma questão que eu chamo de "aleatória": é o elemento-surpresa. Então, deixei para lá. Se na hora eu tivesse algum insight para resolver, ótimo. Senão, teria as outras para compensar. 
Não estudei nada de Estatística. Na semana que antecedeu o teste é que percebi que "passado batida" neste tópico. Até tentei aprender, mas não conseguia absorver mais nada de novo. Na prova havia uma questão fácil sobre isto, que eu nao resolvi simplesmente porque não lembrava como se calculava o desvio-padrão. 
O mesmo vale para Logaritmos: dei uma olhada muito rápida no conteúdo (achei que não iria cair) e perdi longos minutos para resolver outra questão simples da prova. E acabei errando.

domingo, 30 de março de 2014

ANPAD - Lições aprendidas (parte II)


Mão na massa!

Depois de descobrir o que era o ANPAD, prazos, disciplinas..(aquilo que descrevi na parte I da série), era a hora de colocar a mão na massa: estudar!

Neste ponto o fato de ser "concurseira" há algum tempo ajudou. E mesmo que você não seja adepto dos concursos públicos, pelo menos em um vestibular (ou ENEM, ou PSS, etc) você se deu bem! O teste ANPAD é só mais uma prova.

E acho que esta foi a primeira lição aprendida: o teste ANPAD é só mais uma prova. Fiquei meio assustada quando uma amiga me contou que havia tentado o teste 2 vezes, sem conseguir a nota que queria. Também não me animou muito saber que um professor que havia conseguido alta pontuação estudava umas 12h por dia.

Aí comecei a repetir, quase como um mantra: "é só uma prova". E fui descobrindo detalhes sobre o teste: o conteúdo de Raciocínio Quantitativo é Matemática do Ensino Médio. A prova de Português tem pouca gramática e análise sintática. Saber que (p->q) só é falso se E SOMENTE SE p for verdadeiro E q for falso já resolve umas questõezinhas de Raciocínio Lógico.

Há muitos cursinhos preparatórios, há pessoas que se dedicam por muito tempo e não conseguem o resultado que desejam, o conteúdo é extenso, o tempo é muito curto, podem ser necessárias várias tentativas...mas não deixa de ser uma prova. Não é o fim do mundo.

E ainda tem uma coisa boa: seu único concorrente é você mesmo. Não há vagas, não há cadastro de reserva. É uma coisa entre você e o teste. Só.

Então, por onde começar (comecei)?

  • O que cai na prova X o que você sabe
Os assuntos detalhados das disciplinas cobradas no teste ANPAD estão disponíveis no site da associação. Eu imprimi o conteúdo de cada uma e grifei aqueles que eu não dominava, ou não tinha ideia (quase todos nas provas de Raciocínio Lógico e Quantitativo. Logaritmos?? Jamais havia conseguido compreender!). 
Comece por aí. E veja onde você deve se concentrar.
Para testar "na vera", baixe algumas edições recentes do teste (é só procurar no Google, tem dúzias) e tente resolvê-las. Sem se preocupar com o tempo (ainda), apenas para se familiarizar com o estilo das questões e realmente perceber onde estão seus pontos fortes e fracos.
Por que achei isto importante? Para evitar a tentação de estudar muito aquilo que eu já sabia ou que tinha facilidade. Eu quase nunca tive problemas com Português e Inglês, então, a minha tendência seria começar por elas. Mas ao ver quão pouco tinha acertado na prova de Raciocínio Quantitativo, não podia me dar ao luxo de deixar esta disciplina para depois.
  • Qual o tempo disponível?
Infelizmente, o tempo quase nunca é nosso aliado. Temos sempre tantas coisas para fazer que as poucas horas (ou minutos) que sobram para estudar parecem insignificantes para o volume de conteúdo.
A notícia boa é que você não precisa ter 14 horas livres por dia para estudar. Aqui vale a lição básica de Bauhaus: menos é mais.
Se você só tem 2 horas para estudar, utilize muito bem estas 2 horas. Se tem 3h, não desperdice. Se tem 40 minutos, otimize.
Eu trabalho o dia inteiro. Por experiências anteriores, sei que não consigo estudar mais que 3 horas por dia durante a semana. Posso até continuar lendo, mas é só auto-enganação: não absorvo mais nada. Mesmo nos finais de semana, mais que 6h por dia é impraticável para mim. 
Descubra seu limite. E não desanime ao ver alguém que passa 14 ou 15h estudando, em dedicação exclusiva. Esta é só uma maneira de chegar lá. Mas não é a única.
O importante é manter uma rotina. Não é saudável estudar um dia inteiro e depois passar 4 ou 5 dias longe dos livros. Nossa vida é baseada em hábitos. Crie o hábito de estudar. Sejam 2h ou 30 minutos, o legal é estudar sempre (mas não o tempo todo). 
  • Por onde estudar?
Infelizmente, não posso dar muitas referências de material para Português e Inglês, porque estas eu apenas resolvi provas anteriores. Só usei o livro "Inglês - 1000 questões com gabarito comentado", que tinha comprado para o concurso do Banco Central. Para a prova de Português, preocupe-se com interpretação: boa parte das questões apresenta versões diferentes de um trecho do texto e pede que o candidato escolha aquela que tem o mesmo sentido, ou sentido oposto/alterado em relação ao original. 
Raciocínio Analítico era um mistério para mim porque nunca havia estudado esta disciplina, nem resolvido qualquer prova (existe essa disciplina em outro lugar além do ANPAD?). Então, usei o Caderno de Provas Resolvidas vendido pelo site ANPAD (2008 a 2010, salvo engano - não estou com ele aqui). Custa R$ 140,00 + frete e me ajudou bastante. Pouco antes da prova achei um bom material sobre o assunto (link atualizado), que faz a análise da prova e das "cascas de banana". Recomendo. 
Para Raciocínio Quantitativo eu usei livros de Matemática do Ensino Médio (Dante) para relembrar a teoria e pratiquei resolvendo provas anteriores, além do material do Prof. Milton, disponível aqui (é preciso se associar ao grupo para ter acesso).
Lembrando: fui aluna mediana de Matemática. Se você consegue analisar a maior parte de uma edição da prova (eu diria entre 10-12 questões) e identificar a que assunto elas pertencem ("Ah, esta questão é de matrizes", "Esta resolve por regra de três composta", "Esta é função do 1º grau"), eu diria que basta relembrar. Senão, recomendaria procurar um cursinho (online ou presencial), professor particular ou algum amigo que seja "desenrolado", para ajudar nos primeiros passos. 
Raciocínio Lógico foi a que me deu mais trabalho. Comecei estudando pelo livro "Raciocínio Lógico - Volume I" de Jonofon Sérates (recomendação de algum blog que cujo link também perdi =/ ). Este livro só está disponível em sebos (tem online também) e custa em torno de R$ 45,00. Os capítulos de 1 a 10 cobrem mais de 80% do conteúdo da prova. Como o livro tem muitos exercícios, e boa parte é resolvida, é ótimo para fixação da teoria. Depois, usei o material do Prof. Milton (Instituto Integral) e provas anteriores.
Percebe uma constante? Provas anteriores. Não tem outro jeito. É indispensável resolver provas e mais provas. Cuidado com um problema: senti que as provas mais antigas (2009 e anteriores), especialmente na disciplina de Raciocínio Lógico, são mais simples do que as que temos hoje. Resolva todas as que puder, mas avalie seu desempenho pelas edições mais recentes. Achei um bom conjunto de testes no Espaço Paideia.
  
E o que é um bom desempenho? Por quanto tempo preciso me preparar? Como controlar o tempo na prova?

ANPAD - Lições aprendidas (parte I)

Seguindo o princípio básico da redação de notícias, planejamento estratégico, etc, o registro das lições começa com as respostas básicas: o que é o teste ANPAD, para quê serve, porque fazê-lo, quando fazê-lo, onde e qual deve ser sua nota.

  • O que é o teste ANPAD?
O teste ANPAD é uma prova realizada pela ANPAD (Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração). Ele abrange cinco disciplinas: Português, Inglês, Raciocínio Quantitativo, Raciocínio Lógico e Raciocínio Analítico. São 17 questões de cada disciplina, num total de 85 questões.
  • Para quê serve o ANPAD?
A nota obtida no teste ANPAD é utilizada nos processos de seleção de pós-graduação (mestrado e doutorado) na área de Administração. Atualmente, mais de 100 instituições exigem dos candidatos esta nota (entre elas, USP, FGV, ESPM, PUC-Rio, UFRGS. Confira lista atualizada). Normalmente, ela corresponde à primeira fase da seleção.
  • Quanto devo tirar no ANPAD? Qual deve ser minha nota para passar?
No ANPAD em si não existe "passar". Você não vai ser "eliminado" por uma nota baixa, nem nada assim. Você vai receber uma nota, independente de qual seja.
A nota que você precisa tirar é definida pelo processo seletivo ao qual você deseja concorrer. Há programas que exigem nota mínima de 300 pontos para a mera inscrição. Com menos do que isto, sua inscrição nem é aceita. Para saber as regras do programa que deseja, consulte o edital de seleções anteriores, que normalmente está disponível da página da instituição. Aproveite o embalo e analise as notas dos candidatos aprovados na última seleção.
Você não sabe ainda qual programa quer? Bom, este era mais ou menos o meu caso: eu tinha uma instituição em mente, mas quando fiz o teste ainda estava explorando outras possibilidades. Então, segui um parâmetro simples, baseado na experiência de duas pessoas que haviam feito a prova antes (lições aprendidas!): 400 pontos ou mais. Para a maior parte dos programas, esta é uma nota suficiente para lhe deixar numa posição confortável.
E quanto isto significa em número de acertos? Bom, infelizmente só disponho do meu próprio resultado como dado concreto - na edição de fevereiro de 2014,  foi o seguinte:
  • Raciocínio Lógico - 14 acertos 
  • Raciocínio Quantitativo - 14 acertos
  • Raciocínio Analítico - 14 acertos
  • Português - 14 acertos
  • Inglês - 17 acertos
Total: 73 acertos - Resultado: 600,00 (método antigo) / 528,86 (método novo)
De acordo com o prof. Milton Araújo, para ter uma ideia da nota pelo método antigo basta multiplicar o número total de acertos por 8 e por 9. Os resultados geram o intervalo mais provável para sua nota. Com base no meu próprio resultado, a nota pelo método novo fica um pouco abaixo disto. 
Método novo? Método antigo? É: a metodologia de cálculo da nota mudou. Por enquanto, as instituições definem que metodologia vão utilizar (tem que constar no edital da seleção), e você recebe sua nota calculada das duas formas. A partir de fev/2015, fica apenas o método novo. Mais sobre assunto
  • Quando devo fazer o ANPAD?
Quando você se sentir preparado(a). Digo isto porque fazer uma edição da prova custa R$250,00 (mais informações abaixo) e eu acredito que não dá para desperdiçar dinheiro. Não recomendo fazer o teste "para treinar". Existem dúzias de provas anteriores disponíveis na internet. Elas devem ser o seu treino. Faça a prova quando sentir que tem condições de obter a nota que precisa. 
Para facilitar, organize-se para participar da edição de fevereiro. Conforme ouvi de pessoas que fizeram a prova antes (e professores até), é a edição menos concorrida: a média de acertos dos candidatos é menor do que nas edições de junho e setembro, ou seja, teoricamente é possível obter nota mais alta com um número relativamente mais baixo de acertos. Além disto, caso você não consiga o resultado desejado, ainda terá as outras edições para tentar de novo, antes que a maioria dos processos seletivos comece.
  • Quanto custa o teste ANPAD? 
Inscrever-se para uma edição do teste custa R$250,00. Não há devolução do valor. No entanto, caso você se enquadre nos requisitos sócio-econômicos de baixa renda, pode requerer isenção da taxa. Neste caso, fique atento aos prazos: o pedido de isenção normalmente é enviado (e aprovado) antes que as inscrições sejam abertas.
  • Onde fazer o teste ANPAD?
Os locais de aplicação estão espalhados pelo país, mas em sete estados não há qualquer local disponível (é preciso se deslocar para outro estado). São eles: Acre, Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Rondônia, Roraima e Tocantins.
Para mais informações, visite a página da ANPAD. 

No próximo post vou falar do roteiro de estudos, organização de cronograma, bibliografia que usei, etc.

Série completa:

ANPAD - Lições aprendidas (introdução)
ANPAD - Lições aprendidas (parte I)
ANPAD - Lições aprendidas (parte II)
ANPAD - Lições aprendidas (parte III)
ANPAD - Lições aprendidas (conclusão)

ANPAD - Lições aprendidas (introdução)

[EDIT 21/02/2019]

Em 2013 o mestrado em Administração ainda era um sonho e o teste ANPAD, uma preocupação. Como eu não tinha um currículo atraente nem experiência em pesquisa, joguei todas as fichas em alcançar uma nota alta no teste e, assim, ter chances de ser aprovada na seleção.


Foram horas e horas buscando materiais e dicas, além dos dias estudando, é claro. E aí veio o resultado que eu precisava: consegui nota 528,86 (ou 600,00, pelo método antigo). Alguns dias após a divulgação da nota, me veio a ideia: compartilhar o meu percurso no teste para, quem sabe, ajudar alguém. Escrevi os posts num dia de domingo ensolarado e então enviei o link para o Profº Milton, do Instituto Sou Integral, cujas dicas tinham me ajudado muito.

Ele divulgou as postagens e assim o blog ficou conhecido. Eu já o escrevia há algum tempo, mas foi só no início de 2014 que o número de acessos deu um salto. Entre alguns milhares de visitantes, conheci pessoas incríveis, que estão na minha vida até hoje.

Quase 6 anos depois, os posts da série contam com aproximadamente 100.000 visualizações. Nunca quis ser blogueira, nem nada disso (tanto é que até hoje sequer tenho o Adwords), mas gosto de pensar que, talvez, este vá ser o trabalho mais lido da minha vida...quem sabe o mais útil.

As informações disponibilizadas na série continuam válidas em sua maior parte, mas infelizmente não tenho nada mais recente, porque não precisei fazer novamente o teste na seleção para o doutorado (foi possível aproveitar a nota que já tinha). Então queria fazer um pedido: se você fez o teste há pouco tempo, compartilha sua experiência nos comentários...ou escreve para mim =)

[/EDIT]

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Um dos conceitos mais importantes em Gerência de Projetos, na metodologia do PMI (PMBoK), é o de lições aprendidas. Em linhas simples, lição aprendida é o registro daquilo que deu certo e do que não deu certo no projeto.

Todo projeto novo pode (e deve) utilizar o registro de lições aprendidas de projetos anteriores, e é obrigação do gerente de projetos deixar lições do seu projeto atual para a posteridade. Este registro está na área de conhecimento "Integração", e é realizado na fase de Encerramento do projeto (para ser rigorosa,  "está contido no grupo de processos de Encerramento")

Na área da ciência, temos aquela famosa frase de Isaac Newton: "Se vi mais longe foi por estar sobre os ombros de gigantes", que demonstra todo o reconhecimento aos cientistas que vieram antes dele.

Sou especialista em Gerência de Projetos, e estou fazendo um curso preparatório para a certificação PMP. E durante as aulas deste curso me ocorreu que eu não havia feito um registro detalhado das lições aprendidas com o teste ANPAD. Só um post com dicas bem gerais.

Ora, sei bem de todo o esforço que fiz entre os meses de setembro/2013 e fevereiro/2014, me preparando para o teste. Eu me apoiei nos ombros de gigantes: sites de professores, livros, depoimentos de quem já passou pelo ANPAD. Só assim foi possível chegar à nota acima de 500 pontos. Então, hora de dar minha pequena contribuição para quem vai seguir pelo mesmo caminho.

Longe (muito, muito longe) de esgotar o tema, gostaria de expor o que deu certo e o que não deu certo na minha preparação. Afinal, conhecimento não deve ser escondido. Deve ser compartilhado. E multiplicado.

Série completa:

ANPAD - Lições aprendidas (introdução)
ANPAD - Lições aprendidas (parte I)
ANPAD - Lições aprendidas (parte II)
ANPAD - Lições aprendidas (parte III)
ANPAD - Lições aprendidas (conclusão)