quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Livros de metodologia científica


A pilha de livros acima é minha.

Explico: quando comecei a pensar sobre entrar no meio acadêmico decidi que precisava entender o que era ciência, sua importância, como fazer pesquisa, etc. Ou seja, fiquei com a ideia fixa de que tinha que começar estudando metodologia científica.

Assim, fui comprando um livro e outro, aproveitando algo desse e daquele e hoje fiquei surpresa ao reparar que juntei quase uma dúzia de publicações sobre o assunto. Tenho certeza de que este conjunto ainda vai crescer.

Para quem se interessa pelo assunto, seguem alguns breves comentários sobre o que já tenho na minha estante (em ordem de aquisição). Já adianto que só li um deles por inteiro e outros ainda nem usei:

  • Metodologia do Trabalho Científico (Antônio Joaquim Severino): foi através dele que conheci a tríade da Universidade - ensino, pesquisa e extensão. Tem uma seção interessante e útil sobre formatação de trabalhos nas normas ABNT;
  • Ferramentas para o pesquisador iniciante (Jocelyn Létourneau): é um guia de saberes práticos, mas acho que o mérito maior está em abordar aquilo que é incomum em outras obras - indica como analisar um mapa antigo, e como utilizar um documento autobiográfico, por exemplo. O capítulo que li, sobre elaboração de resenhas, foi bastante explicativo - deixou a impressão de que vai ser fácil utilizá-lo;
  • Metodologia Científica (Lino Rampazzo): pequeno e fino, achei que seria uma boa introdução ao assunto. No entanto, o texto conciso acabou me deixando com mais perguntas do que respostas;
  • Métodos de Pesquisa em Administração (Donald R. Cooper e Pamela S. Schindler): falei dele no blog quando o comprei. No entanto, mal o utilizei: ainda não estou madura o suficiente para o conteúdo que ele apresenta. Li apenas o capítulo que fala de elaboração de constructos na pesquisa. Pressinto que serei mais amiga dele nos próximos meses;
  • Como Elaborar Projetos de Pesquisa (Antonio Carlos Gil): para mim, a parte mais interessante foi a seção em que ele explica as diferenças entre um problema científico, de engenharia e de valor. Também traz boas referências acerca de diversos métodos de pesquisa;
  • Métodos de Pesquisa em Administração (Sylvia Constant Vergara): esta autora é presença constante nos trabalhos de Administração. Comprei por indicação de Fabiana e não me arrependi - nesta obra ela dá as etapas de vários métodos de pesquisa, inclusive sobre alguns bem recentes, como netnografia (ou etnografia digital);
  • Projeto de Pesquisa (John W. Creswell): este é um dos livros-texto da disciplina de Metodologia Científica do mestrado da UFPE. É o meu "queridinho". Gosto da forma como o autor consegue deixar a leitura fluida e explicar conceitos de forma clara. Enquanto escritores brasileiros salpicam "epistemologia" por todo o texto sem dar definições precisas, ele opta por utilizar o termo "concepção", ou seja, "um conjunto de crenças básicas que guiam a ação". Ele é defensor da escrita simples (em vez da prolixidade que impera no meio acadêmico), oferece conselhos práticos sobre a escolha do problema de pesquisa e se inspira em escritores literários para dar dicas de como escrever artigos. Fortemente recomendado;
  • A Arte de Pesquisar (Miriam Goldenberg): o texto parece um longo diálogo com a autora. Ela fala da história da pesquisa em Ciências Sociais, apresentando a Escola de Chicago e as divergências com as Ciências Naturais, aborda as dificuldades da pesquisa qualitativa e dá algumas orientações aos que estão começando na ciência. É uma leitura densa, mas não chega a ser cansativa (foi este que li por inteiro);
  • Pesquisa Qualitativa em Administração (Adriana Roseli Wünsch Takahashi, org.): é uma coletânea de artigos que abrangem desde a história da pesquisa qualitativa até questões de ética do pesquisador, passando por diversos métodos de pesquisa. Até agora explorei a parte I, que fala do surgimento das ciências sociais e os fundamentos da pesquisa qualitativa e o capítulo sobre Etnografia (coincidência: aqui há uma entrevista com um professor do PROPAD, Sérgio Benício). Como é uma coletânea, há capítulos bastante acessíveis para os iniciantes (like me!) e outros ainda obscuros;
  • Metodologia da Investigação Científica para Ciências Sociais Aplicadas (Gilberto de Andrade Martins e Carlos Renato Théophilo): para este se aplica o que falei sobre a obra de Cooper e Schinder - ainda está além do meu conhecimento. No entanto, aparenta trazer boas referências de estatística e formatação de trabalhos científicos.


Por enquanto, é só. À medida em que for explorando mais, atualizo os comentários =)




Retrospectiva (parte I): a escolha da instituição

Bom...passadas as comemorações de aniversário e aprovação, vou aproveitar os dias de férias antes do Natal/Ano-Novo para fazer uma recapitulação de 2014. E ele pode ser resumido em três palavras: "seleção de mestrado".

O ano inteiro girou em torno da seleção: as viagens que fiz foram para apresentar artigos, os gastos foram cortados para montar a reserva financeira, não comprei um único livro de literatura. Mas de metodologia científica, já tenho cinco.

É hora de fazer um resumo de como foi a caminhada.

É claro que esta minha jornada é mais complexa do que aquela vivenciada pela maioria dos mestrandos país afora. Vejo que a maioria dos meus futuros colegas são concluintes da graduação em Administração, ou recém-formados. Estagiavam ou participavam de projetos de iniciação científica. Estão abaixo dos 25 anos. As coisas são mais simples.

Então escrevo para relembrar - e talvez para inspirar quem não se enquadra no perfil típico do mestrando (mas tem paixão pela academia).  

Para mim, tudo começou com a escolha da instituição. Eu já sabia que queria o mestrado em Administração (mais detalhes), então comecei a buscar os programas disponíveis no Nordeste. Infelizmente, me afastar muito de casa não era uma opção: o que é suficiente para sobreviver em Recife não me sustenta em São Paulo. Muito menos em Porto Alegre.

As opções mais próximas eram UFAL, UFPE, UFES e UFPB. Na UFAL não há programas em Administração - foi aberto um este ano, na área de Gestão Pública. O programa da UFES está iniciando, "apadrinhado" pela UFPE. Fui ao site da UFPB, e não me identifiquei com nenhuma das linhas que lá estavam (há algumas semanas descobri que eles têm grupos que me interessam - o site está desatualizado). Então, fiquei com a UFPE.

Ajudou o fato de dois professores meus da época da graduação terem concluído o doutorado lá: pude conhecer mais das linhas de pesquisa e das pessoas antes mesmo de colocar os pés na Universidade, numa conversa em março/2013.

Quando você for escolher a instituição é importante analisar uma série de fatores: linhas de pesquisa, orientadores, a quantidade de vagas/bolsas, estrutura física, possibilidades de intercâmbio, conceito CAPES, localização, conhecer pessoas que estão (ou passaram por) lá. Escolha com cuidado: é nela que você vai passar anos da sua vida. Além de ficar no seu currículo.

Pensa em se candidatar para 2 ou mais instituições? Eu te desejo boa sorte! Entendo que concorrer a processos seletivos diferentes implica adaptar projetos de pesquisa, conhecer mais professores, estudar para provas diversas, etc. Em resumo, exige ainda mais tempo e dedicação. Se você tem ambos, vá em frente!

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Atualizando a descrição do blog

Onde se lê: "O dia-a-dia de uma aspirante ao mestrado em Administração".
Leia-se: "O dia-a-dia de uma mestranda em Administração"

Como eu me sinto fazendo isso:



Passei no mestrado!!!

E o dia 10/12/2014 trouxe meu presente de aniversário atrasado (fiquei mais velha no dia 06): a aprovação! Sou oficialmente mestranda da UFPE, aluna do PROPAD :D



A ficha ainda não caiu completamente. Estou feliz, animada, satisfeita...mas acho que só vou compreender realmente que o projeto foi concluído com sucesso quando estiver providenciando minha licença do trabalho, e organizando a mudança para Recife.

Estou trabalhando neste projeto há pouco mais de 1 ano, mas ser mestra é algo que está na lista de desejos há tanto tempo que nem sei quando isto começou. 2008, talvez...

Aprendi uma palavra nova em alemão: "Wanderschaft", ou jornada pessoal. Para mim o mestrado é mais do que um degrau na vida acadêmica. É uma oportunidade de seguir um rumo diferente, de abrir espaço para novas experiências. É experimentar a vida sem restrições (exceto as financeiras, claro). É a minha Wanderschaft.

Às vezes enxergo incredulidade nos olhos de algumas pessoas ao meu redor. Enquanto me dão os parabéns está subententedido o "não acredito que no que ela está fazendo". E depois vem o "você vai mesmo?".

É engraçado dizer isso, mas entrar no mestrado foi um dos meus maiores atos de rebeldia até hoje. Sim! A rebeldia pode ir além de tatuagem, piercing, cabelo laranja (que são super bacanas também). Também é rebelde aquele que dá as costas a um rumo pré-definido, e recomeça numa direção diferente. Aquele que tem a ousadia de experimentar uma vida baseada nas próprias escolhas. Que se permite esculpir o dia-a-quer como quer, em vez de permanecer fazendo limonada com os limões que aparecem. Só não é fácil.

Não me lembro exatamente do momento em que decidi que era hora de partir para o mestrado. Acho que foi no pós-Carnaval de 2013 - depois de ir para o Galo da Madrugada em Recife e partir pro Rio desfilar numa escola de samba. Deve ter sido algo assim: voltei animada, pensei o que poderia fazer em seguida, e aí o mestrado surgiu como uma ideia natural.

Anos antes eu já tinha feito muitas buscas: na época em que terminei a faculdade (2007/2008) lembro de explorar vários cursos, ter sonhado com a UFLA (mas o curso era caro), com a USP (era distante) e com a UFPE.

Daí lembro que em março fui no IFAL conversar com uma professora que é minha mentora desde os tempos do curso técnico: Mônica Ximenes. Falei do meu desejo, e da ideia de UFPE, em Administração. Como ela tinha terminado o doutorado lá, acabou me dando informações preciosas. Sugeriu que eu me inscrevesse já em setembro, mas eu tinha outra ideia: montar uma reserva financeira que me permitisse sobreviver sem depender de bolsa. É que para mim seria absolutamente frustrante investir tempo e esforço, para depois ter que desistir se não recebesse auxílio-financeiro.

Assim, montei o planejamento para 2014. O fato de ser um ano sem Rock in Rio, sem Codplay e sem U2 ajudou bastante a economizar...rs...

E é com este espírito de viver a vida que se deseja que vou me mudar e começar o curso. Sei que virão dias de crise, telefonemas desesperados e um pouco de "o que é que eu estou fazendo aqui?". Nestas horas quero ser capaz de olhar para dentro e recordar, como diz o Cidade Negra, de "tudo o que eu caminhei para chegar até aqui".