quarta-feira, 1 de julho de 2015

Você "só" faz mestrado?


E lá se foram 6 meses...

Quem disse que o mestrado passa rápido está coberto de razão.
Assim que eu entregar o último trabalho vou escrever uma recapitulação desse primeiro semestre. Por enquanto, passo aqui rapidinho para desmistificar uma ideia recorrente sobre quem "faz só mestrado".

Ninguém faz "só" alguma coisa.

Quem é "só" dona-de-casa se preocupa com feira, preparo de refeições, organização da casa, decoração, despesas, limpeza, etc, etc, etc. E nem falei de filhos.

Quem é "só" empregado tem que lidar com atividades diárias, projetos novos, imprevistos, relacionamento com colegas de trabalho e chefes, autoaperfeiçoamento e assim por diante.

Claro que há aqueles bem menos ocupados do que parecem. E também há aqueles à beira de um colapso por excesso de tarefas. O que quero destacar aqui é que a rotina de que tem responsabilidade com alguma coisa quase nunca é "moleza".

E qual a rotina de quem "só faz mestrado"?

Vou falar da minhas atividades neste 1º semestre:

  • Cursar disciplinas (Prioridade: MÁXIMA): significa estudar o material de referência (livros e artigos), pesquisar materiais extras (e estudá-los), escrever resumos/resenhas/artigos, preparar seminários, organizar trabalhos em grupo. Opções criativas envolvem fazer vídeos e encenar peças. No meu caso, foram horas com Bizagi e modelagem de processos (BPMN). Nota: estudar aqui é muito mais do que ler e memorizar. Exige reflexão, amadurecimento. Numa palavra: TEMPO;
  • Gerenciar a casa (Prioridade: ALTA): aqui em Recife estou morando sozinha, mas a situação de quem divide a casa não é muito diferente. Parece pouco, mas ter uma casa significa cuidar de feira (fazer lista/ir ao mercado/arrumar as compras), limpeza (varrer/lavar/arrumar), lavanderia (lavar/estender/recolher/dobrar/guardar), etc. Claro que este item é negligenciado quando entra em conflito com "cursar disciplinas". E vira prioridade máxima quando você recebe visitas (ver "relacionamentos"). Ou não;
  • Cozinhar (Prioridade: MÉDIA): eu me relaciono com fogão e panelas desde meus 12 anos, mas não sou nenhuma virtuose. Cozinhar é importante para economizar (comer fora é caro e o RU* tem sempre filas intermináveis...), para manter a saúde na linha (ganho peso só de olhar para a comida..rss...) e para relaxar (quando você não aguenta ler mais nada é bom trocar de contexto). E já que as refeições também são evento social, dá para reunir pessoas em torno de um bom prato. =)
  • Manter/criar relacionamentos (Prioridade: ?!?!?!): este é um ponto delicado para quem muda de cidade. Quem faz mestrado em sua cidade pode nem sentir diferença. Mas aqueles que se afastam ganham "dupla jornada": criar vínculos na nova casa e manter aqueles da antiga. Namoros presenciais se tornam namoros à distância. Nos períodos mais pesados do curso, infelizmente os relacionamentos acabam ficando um pouco de lado. Mas penso que eles valem todo o esforço extra: as grandes coisas na vida e no meio acadêmico vêm dos laços que estabelecemos. O que é uma conquista se não temos com quem comemorar?
    No começo desse mês veio para cá uma "caravana" de gente que amo: corri que nem louca para cuidar de tudo, em meio a entrega de trabalhos e prova. Valeu cada segundo! Sem contar nos amigos de turma, que vez por outra se jogam nos pufes infláveis aqui da sala para uma boa conversa =) Ou nos sofás por aí onde passo para tomar um café/vinho/afins...

E cadê a dissertação? E os congressos? E o grupo de pesquisa? E as submissões para periódicos? Para mim serão cenas do próximo semestre! Ou seja, vai ter ainda mais diversão =D

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* RU: Restaurante Universitário. Comida honesta a R$3,00. Há quem reclame. Eu estou viva e alimentada ;-)