sábado, 16 de julho de 2016

Pré-projeto de mestrado: dicas (parte I)

Texto inspirado em perguntas que recebi por email =)
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"Por onde começo?"
O começo é a escolha de um tema. Você já tem um em mente?
Se sim, você pode avaliar se ele está relacionado a alguma linha de pesquisa e/ou algum professor orientador. Bons projetos podem ser rejeitados se não houver quem se interesse por ele.
Dá para ter uma ideia desta relação olhando o Currículo Lattes dos professores (não se engane pela descrição inicial do perfil: investigue os trabalhos que eles desenvolvem atualmente) e as dissertações/teses que foram defendidas recentemente. Achar algo parecido com a sua ideia é um bom sinal. Parecido, não igual.
Sobre fontes de inspiração alternativas para ideias de pré-projeto

"Como justificar e demonstrar a relevância do projeto para os avaliadores?"
Bem, se você conseguir um tema parecido com aquilo que já é desenvolvido pelo corpo docente, já abre o caminho para esta justificativa: o esforço necessário para convencer a banca sobre a sua relevância é menor.
Dito isto, há alguns professores que defendem que um projeto da área de Administração deve ter relevância teórica e relevância prática. Um projeto tem relevância teórica quando ele se propõe a trazer contribuições relevantes e necessárias para o conhecimento que se tem sobre aquele assunto. É preciso encontrar autores que digam: "há escassez de pesquisa sobre X e é importante pesquisar sobre isto por razões A, B e C". Então você diz que vai falar sobre X, em resposta à necessidade indicada pelos autores Fulano, Beltrano, etc. Evite citar livros-texto da faculdade, como Chiavenato. Dê preferência a artigos científicos.
A relevância prática são os benefícios que aquela pesquisa vai trazer para as organizações (no geral ou um grupo específico). Pode auxiliar a resolver um problema que causa prejuízo? Vai aumentar a satisfação de clientes? A retenção de funcionários? O desenvolvimento de uma comunidade? Etc, etc, etc.


"Como montar e fazer a articulação teórica?"
Resposta honesta: não sei. Estou aprendendo a fazer isso...kkkkkkkkkkk...
As teorias que você vai utilizar e a articulação entre elas dependem da sua área de estudos, do seu olhar...O mesmo objeto pode ser olhado de n formas diferentes...
É preciso ter cuidado para não misturar alho e maçã: um exemplo maluco - utilizar autores como Boaventura de Sousa Santos, que é um autor bastante crítico do capitalismo, para estruturar um trabalho que vise aumento de lucro de multinacionais.
Mas é difícil saber fazer isso antes do mestrado (e até mesmo depois...ainda estou bem longe da clareza que queria). Uma dica é encontrar trabalhos semelhantes ao que você pretende desenvolver, que tenham sido publicados em bons periódicos/congressos, e seguir as indicações teóricas que eles apresentam.

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Daqui a uns dias, vem a parte II   =)

Pré-projeto de mestrado: minha história de guerra

(Aviso: o texto abaixo foi escrito ao som de Spice Girls. É um texto sério. Mas não é muito sério. Não dá para ser muito sério ao som de "Wannabe").

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O ano vai se aproximando do fim...daqui a pouco começam as seleções de mestrado/doutorado. Em todo o país, aspirantes à vida acadêmica organizam pilhas de documentos, revisam o Lattes e se vêem às voltas com as páginas do pré-projeto.

Para quem não tem experiência com a escrita acadêmica, esta pode ser a parte mais aterrorizante. Eu fiz parte deste time: só fiz um TCC na especialização, e um relatório de trabalho na graduação. Ou seja...
Objetivos específicos? Objetivo Geral? Articulação teórica? What?!

E, para piorar, eu já comecei com altas aspirações: em vez de me inspirar em algum trabalho meu anterior para o pré-projeto, eu quis buscar um novo tema, que fosse interessante para mim, para a ciência e para alguém de bom coração que quisesse me orientar (ver representação gráfica bonitinha sobre isso aqui).

Uma ótima intenção. Linda, perfeita, super justificada.

O problema é que as pessoas levam anos para conseguir fazer isso. Basicamente, este é o trabalho de uma doutoranda.

Obviamente, eu, na época aspirante a mestra, não ia conseguir. Foram semanas de desgaste, horas sem dormir, matutando e matutando...Para, no fim, elaborar um projeto que, nas palavras de um professor da banca, "tinha problemas de aderência, pertinência e contextualização ". Ou seja, só o português se salvava (*).

E hoje, elaborando o projeto de dissertação MESMO, ele não tem nenhuma relação com aquele pré-projeto do começo. Mas continuo com as mesmas intenções elevadas...rss...

Ah, Rosa...então você se arrependeu daquele esforço todo?
Hmmm...não. Foi tenso, mas no fim do processo da escrita eu estava até feliz...E acabou sendo uma preparação para a minha rotina atual.
Porém, há caminhos menos tortuosos: ampliar trabalhos que você já fez pode ser uma boa opção =)

(*) Em tempo: como falei aqui, meu pré-projeto de dissertação em 2014 queria abordar a relação entre o ativismo digital e o ativismo tradicional (na vida "real"), ou seja, a tecnologia como elemento desencadeador de transformações sociais (na época eu não falava assim bonito..rss...). Eu precisava de uma causa específica, porque o ativismo digital é um tema amplo...escolhi o feminismo. De lá para cá, houve uma série de iniciativas sobre este tema: virou notícia e TT mundial. Ou seja, o tema em si tinha "caldo". Mas não para um contexto que estuda tecnologia em empresas. Fica a dica: pertinência é tudo! =D

Artigo aprovado no ENANPAD!



Eu vejo essa imagem e penso três coisas:

"Uhuuuuu!!! Alguém achou que o artigo tava legal!!! Meu primeiro ENANPAD!!! Tchau Síndrome do Impostor!!!"

"Vou conhecer a Costa do Sauípe!!! =D"

"O congresso é caro ou é a bolsa que é pequena??!?!?!? =( "

Pense numa felicidade agridoce...rss...
E segue a vida acadêmica! =D